Tuesday 2 December 2008

O primeiro emprego

The first job
Eu precisava frequentar uma escola o mais rápido possível. Quando eu comecei a estudar era uma escola “de grátis”. Os alunos internacionais eram as “cobaias” dos professores aprendizes que eram simuntâneamente, alunos do último ano das universidades de Licenciação da Língua Inglesa. Para mim, não me importava ser uma “cobaia”. Para quem não sabia falar absolutamente nada em inglês, qualquer injeção de sabedoria na testa e uma gota de aprendizado no olho, eu aceitava e agradecia. Foi um experiência excelente já que tive à oportunidade de conhecer várias pessoas de outros países que estavam na mesma situação que a minha, ou seja, um analfabeto em inglês. O interessante disso tudo era quanto mais cedo o aluno chegasse na escola, mais chances o mesmo tinha condições de participar das aulas e por isso, cada classe era diferente de um dia para o outro. Bem peculiar! Quando chegou a época para aplicar para o visto de estudante, eu tinha que me matrícular numa escola reconhecida, respeitada mas que fosse barata. E foi isso que eu fiz. Em 2001, já tinha muita escola ganhando muito dinheiro com estudantes internacionais. Era como se tivessem achado no meio dos prédios milenares de uma velha Londres, a galinha dos ovos de ouro com diamantes cravejados. Depois de um incessante pesquisa, encontrei uma escola chamada St Patrick. indicada por um colega e que fica bem no miolo do centro de Londres. Eu me matriculei no horário da tarde, mas disso tinha um único propósito: Pagar mais barato. Geralmente os estudantes trabalham como waiters(garcons) para se sustentar. Mas a melhor hora de estudar é o horário matutino. Explico: Qual é a hora do dia que um restaurante possivelmente ficará mais cheio? Ou que vai ter mais gorjetas? De 11:30 da manhã até às 4:00 da tarde. Por isso, a maioria querem estudar de manhã, para depois irem trabalhar. No meu caso eu optei o contrário. Pagar mais barato e trabalhar a noite, ou trabalhar em hotéis no café da manhã. Eu comecei a trabalhar para uma agência de festas. No geral, eu trabalhava em um lugar específico, mas ocasionalmente, a agência mandava os funcionários para os lugares mais longíquos. No início era tudo “FUN”( brincadeira). E na minha brincadeira de ciranda cirandinha, eu era, ou melhor, a maioria era, uma espécie de “ Maria vai com as outras”. Nesse lenga-lenga, quer queira ou quer não, eu fui conhecendo muita gente. Pessoas que deram muita força e pessoas que tiraram muita força. E aprendi um lição de vida: Seja sempre uma pessoa positiva, alegre, alto-astral e de bem com a vida, e sempre leve isso com você para qualquer lugar que for, nem que seja 1 kilomêtro de sua terra natal. Como diz um amigo meu: Negativismo! Afaste-se de mim! Pelos poderes de Greicekon! Eu tenho a força! Mas é claro, ninguém é “perfeito”. Todos nós temos alto e baixos, mas algumas pessoas têm o ponteiro da balança mais para o baixo. Tive sorte. A maioria era gente boa. Enfim chegou o meu primeiro dia como garçon. Eu fui convidado para trabalhar por um paulista que até então era ainda um recente conhecido, mas logo, ficamos amigos. Ele era supervisor. Nessa particular noite, teria um jantar muito importante, num lugar muito importante(foto acima), com pessoas muito importantes feito para uma pessoa muito mais que importante da sociedade inglesa. O convidado especial era o ex-primeiro ministro britânico John Major. Seria um oportunidade única para eu mostrar como eu era um verdadeiro desastrado. Que minha família o diga! O lugar se chama Long Room - Lords Cricket Ground. O Salão é espetacular. Nas paredes, enormes pinturas de jodadores de cricket com molduras douradas, ostentando riqueza. O teto cuidadosamente arquitetado, moldado e desenhado em detalhes, com suas glamorosas luminárias de luzes baixas. O chão parecia um espelho de tanto reluzir. Eram 15 mesas cuidadosamente decoradas para 150 convidados para 15 garçons. Cada cadeira era meticulosamente posta e nomeada para determinado membro da festa. Absolutamente tudo estava perfeito. Antes da festa, eu tentei aprender a servir como a sociedade espera de um bom “waiter”. Servir propriamente. Saber onde vai os garfos, facas e colheres, inclusive a faca exclusivamente para cortar queijo com figos e uvas. Copos de champagne, copos de vinho branco, copos de vinho tinto e copos para água. Saber a posição de absolutamente tudo sobreposto à mesa milimetricamente medida. Na recepção, foi servido champagne. Tínhamos que segurar pesadas bandejas com copos cheios de champagnes, suco de laranja e água por mais ou menos 1 hora. Detalhe: tinha que descer uma escada com a bandeja cheia para se posicionar na porta de entrada. E outros detalhes tipo: Que o vinho branco é para “entradas” ou peixes, o vinho vermelho é para o “prato principal” ou carnes vermelhas. Saber que quando serve o prato ao convidado, é pela direita. Depois deles comerem, verificar se talheres estão postos no centro, se sim, é o sinal que o convidado terminou e para retirar o prato da mesa é pela esquerda e empilhar cada prato em cima do pulso direito(10 pratos), e colocar os garfos e facas cruzadas para ter a certeza que não vão cair no chão. Somente pode limpar a mesa se realmente todos terminaram senão, tem que esperar ou continuar servindo vinho. Não pode encher o copo. É falta de educação. Não pode conversar com o outro garcon. É falta de educação. Não pode respirar. É falta de educação. Quando a recepção começou a única coisa que eu pensava era se alguém ia me perguntar alguma coisa banal e não saber responder, tipo: Onde é o toilete? Tentei ficar calmo, mas a bandeja não estava nada calma. Os copos de champagne tremiam. Os convidados chegavam lentamente pareciam a eternidade. Eu já não via a hora deles pegarem os copos e aliviar o peso da bandeja. Terminada a recepção e os convidados todos postos à cada mesa, eu pensei: passei no primeiro teste. Não quebrei nenhum copo e nem caí da escada. Corremos diretamente para o salão para server o vinho branco e pão. Eu nervoso, tremia com a garrafa na mão, mas continuava a servir. Voltamos para cozinha onde os nervosos chefes de cozinha, gritavam sem parar. Era a hora de servir a entrada. Os garcons fizeram um fila indiana para ficar tudo organizado. O gerente paulista estava perto da “top table”(mesa do John Major), para primeiro servir ele. E fomos enfileirados feito uma serpente deslizando entre as mesas. Tudo acontecia na mais perfeita ordem. Quando terminaram a entrada, eu limpei os pratos da minha mesa de forma confidente de que eu não ia deixar cair nenhum garfo ou faca. Levei os pratos para cozinha. Voltei ao salão para servir o vinho vermelho, para depois voltar para cozinha e estar pronto para servir o “prato principal”. Detalhe: O prato estava muito quente. Tínhamos que usar lenços para proteger os dedos para não queimarem. Os chefes loucos gritando, falavam para ir imediatamente para salão levando os pratos quase fervendo, e quando foi minha vez, eu com os pratos quentes na mão no meio do salão, aconteceu uma catastrófe. Eu …

3 comments:

Ip S. said...

Olá!
Estou acompanhando seus posts daqui de The...alias,não me apresentei,sou a amiga da Micaelly,Isabella!
O tio Rogério comentou que vc fez um blog e kis logo ver.
Quantas aventuras,neh?

Abraços!!!!!!!

Pedro said...

Hello!

Legal! fico muito lisonjeado por esta acompanhando. tenho recebido incentivos assim como o seu agora. obrigado! sempre venha vistar o blog. Até!

Regards

Pedro

Adriano Queiroz said...

Eu acho que não conseguiria ser garçon, sou meio atrapalhadão tb.

Bjão.