Wednesday 17 December 2008

A cidade de Eastbourne

Eastbourne City

2002 foi um ano que passou praticamente desapercebido. Talvez pelo fato de eu estar muito focado nos objetivos. Estudar e trabalhar eram as prioridades. Na época eu pensava diferente, mas hoje, olhando para trás, foi um preço muito caro jogar tudo para o alto: A VIDA BEM NADA MOLE PIAUIENSE BRASILEIRA. E eu que o diga: “água mole, pedra dura tanto bate até que molha toda a pedra”. Simple as that! Conhecer outros lugares fora de Londres estava meio fora de cogitação. Até porque eu trabalhava sempre nos fins de semana. Mas teve um convite que eu não pude recusar. Dois amigos romenos que moravam no mesmo prédio me convidaram para conhecer o litoral sul de carro. Um deles tinha comprador um carro recente e queria explorar as “motoways” (as BRs da vida). Detalhe: A direção dos carros ingleses são do lado direito. O romeno não tinha experiência nenhuma e eu não sabia disso. Só me falaram quando já estávamos no meio da estrada. Imitando o amigo paulista: Karalhooooo!!!! Enfim, fazer o que né? Relaxar e goztar! Graças a Cristo, tudo correu bem. Chegamos na cidade de Eastbourne ao sul da Inglaterra, depois de quase 2 horas de viagem. A primeira coisa que eu observei foi “aposentados”. Logo descobri de fato que a cidade foi naturalmente povoada por pessoas idosamente geriátricas. A cidade é tranquila e aconchegante. Limpa e acima de tudo, perto do mar. O sonho para pensionistas. Mas se você acha que vai ver altas gatas popozudas de fio dental sentadas em bugres subindo e descendo dunas, passeando prá lá e prá cá como se estivessem em uma praia qualquer do nordeste ou mesmo em Ipanema, está muito enganado. Apesar de fazer sol forte no verão, ninguém usa biquini. Em vez de areia, a praia é feita de pedras-sabão. Se você caminha em cima das pedras com os pés descalços, a única coisa que vai ganhar com isso, são bolhas nas patas. A água, por exemplo,se quiser mergulhar, virará um picolé da Kibon sabor groselha. Tem gente que tem coragem! E ainda gritam alto: It’s refreshinggggg!! (Isso está refrescante!!). Eles que não conhecem o bom da vida. Nas praias do meu querido Piauí até de noite, você pode banhar e nadar nas águas mornas da nossa amada costa atlântica de 66 quilomêtros. Oohh! saudades do meu Piauí. Do sol, do mar, do céu azul! Nostágia pura agora! Enfim, eu não deixarei de mencionar quando que, em julho de 2002, eu e uma turma de amigos fomos trabalhar no Palácio de Buckingham. E ao santo gerente da nossa empresa , que reafirmou que mandaria os melhores garçons("waiters") que tinha. Eu estava na lista. Com a confirmação devidamente checada, eu senti com se eu tivesse concluído meu "Bacharelado em Garçon". Seriam 3 dias de festa no jardim principal do palácio. Quando eu cheguei na porta de entrada dos empregados, tinha um batalhão de policiais. Trabalhavam com se estivessem checando babagens no aeroporto. Eu não acreditei que tivesse tanto...

Tuesday 9 December 2008

11 de setembro de 2001


September 11


Aconteceu uma catastrófe. Eu não sabia o que fazer. Os pratos foram deslizando lentamente dos meus dedos. Eu estava no meio do salão. Para não deixar os dois pratos se espatifarem no chão de vez e acontecer o pior, eu juntei os pratos numa pilha só, amassando a carne, o puré e os legumes que estava no prato de baixo. Eu só ouvi um sussurrado grito em português nítido do gerente paulista: Caralho! Não acaba com minha festa. Caralho! Volta direto prá cozinha. Caralho isso! Caralho aquilo!E eu me perguntando: caralho! O que é que eu estou fazendo aqui? Quando cheguei na cozinha, um garçon que estava atrás de mim e viu tudo, ajudou-me e entregou os pratos para o chefe de cozinha falando que tinha acontecido um acidente com um dos convidados livrando minha cabeça da amolada faca dele. Eu me sentei. Continuava tremendo. Tomei uma água, e me afastei da fila. Eu não ia continuar. A palavra “caralho” ficou martelando no meu pertubado cérebro. Um outro garcon, que hoje, é um grande amigo, disse: Pedro, não se preocupe. O gerente paulista não está furioso com você. É o trabalho dele que está em jogo. O jantar continuou sendo servido, não por mim, claro. Logo que terminaram de servir o prato principal, o gerente paulista se aproximou e falou quase rindo: você continuará! Volte prá sua mesa e continue servindo vinhos e quando os convidados terminarem de comer, limpar os pratos da mesa, mas dessa vez, sem deixar cair. E riu copiosamente. E complementou rindo: E depois, servir a “sobremesa” sem deixar cair, caralho! Nesse dia, eu nunca ouvi tanto caralho na minha vida. Depois do desastre, eu comecei apreciar a festa e ficar orgulhoso por ter continuado o serviço. Eu me sentia como se tivesse passado no vestibular no curso: “Bacharelado em Garçon” com a opção:” Inglês”. Daí por diante, eu passei a fazer regularmente o trabalho de garçon como se tivesse indo para universidade. Aprender coisas novas, nunca é fácil, mas também não é impossível. Eu tentei fazer um esquema como aprender inglês do cotidiano, observando objetos que fazem parte de um restaurante que sempre a gente acaba esquecendo quando estudamos no colegial. Palavras simples como: talheres – cutlery, guardanapo –napkin ou souviettes, pano de mesa – tablecloth, colherinha – tea spoon e assim vai. O esquema era o seguinte: Todo dia eu aprendia 1 palavra e ficava repetindo ela o dia inteiro até chegar ao outro dia para mudar de palavra. Eu pensei: se eu conseguir fazer o esquema, eu aprenderei 365 palavras em 1 ano. A teoria era boa, mas a prática foi para o brejo. No final das contas, eu devo ter aprendido muitas palavras, mas eu sou um cara que não sigo muito à risca à esquemas pré-feitos. Mas a idéia era boa. Fiz uma nova adaptação ao esquema e de novo pensei: se cada palavra desconhecida eu ler em outdoors, eu iria anotar num bloco e procuraria no dicionário depois o significado. Novamente o sistema falhou! O bloco até hoje deve está em branco e nunca viu a cor verde-esperança da caneta bic. Mas os dias foram se passando na velocidade de uma indesejada diarréia, e eu absorvendo o idioma e a cultura com uma esponja . O verão estava acabando, e a natureza faria o seu papel de mãe. As folhas das árvores começavam perder a força da fotossíntese e ameaçavam a amarelar. Era começo de setembro de 2001. O ano. O mês. E o dia que o mundo jamais esqueceria e não esquecerá por muitos e muitos tempos. 11 de setembro. Um dia triste para a estória da humanidade. O dia em que os terroristas do Taliban atacaram a América. Eu acordei no meu cotidiano. Eu peguei o trem. Fui para o trabalho. O dia começou normal. Iria ter uma grande evento a ser realizado no Lords Cricket Ground. Muita coisa para preparar. Polir pratos, copos e talheres. Organizar mesas e cadeiras. Enfim, deixar tudo pronto para a noite. Quando os terroristas atingiram umas das torres do World Trade Center a notícia em Londres foi imediata. Todos os canais de tv fizeram cobertura total. Os principais prédios da cidade foram evacuados em tempo recorde. Os ingleses deduziram que os ataques terroristas não ficariam apenas na américa. Mal saberiam eles, que os ataques à Londres estariam premeditados para 4 anos depois, em 2005, quando os terroristas explodiaram o metrô e ônibus. Nesse dia tenebroso, todos os funcionários de todas as repartições, foram mandados para casa. A confusão na cidade era geral. Enfim, não teve trabalho. Não teve festa. Todos os transportes lotados. Estava um caos. Todo mundo querendo ir para o “ lar doce e protegido lar”. Eu também! Passados dias tudo foi se acalmando mais. Mas situação econômica do país mudou da água para pinga, para não dizer vinho. Tudo piorou. Parecia que uma grande recessão tinha chegado. Ninguém entrava no país facilmente. No trabalho, até a situação voltar ao normal, levou tempo. e para alegrar um pouco a vida de cada um, o natal chegou com suas festividades e eu nunca tinha visto tanto bombardeio de propagandas de natal. Até parece que os ingleses são masoquistas e curtem tortura sonora com as músicas de noel. A ornamentação natalina é um espetáculo a parte. Por todos os lados, iluminados galhos secos brilham nas árvores, prédios reluzentes em multi-cores. Em uma das praças principais de Londres, a " Trafalgar Square" é fincada no chão, uma árvore natural gigante(foto acima) que é enviada todo ano pela Noruega como um presente. Depois do natal, a semana passou rápido já pedindo para virar de ano. "Splash out some champagne, please!!!!!" Na verdade, eu passei o reveillon trabalhando como garçon. Uma amiga paulista(Ps. Perceberam que paulistas estão participando ativamente desse blog?) me chamou para trabalhar com ela. Era uma festa para 1.500 pessoas. 150 mesas. 150 garçons. Com tanta gente na festa, a roupa de garçon(calça preta, camisa branca e a gravata-borboleta virou o famoso o meu famoso "black-tie". Eu fazia de conta que era um convidado também. Na hora da contagem dos segundos, eu e minha amiga bebemos todas e caimos na folia junto com os convidados dançando. Bye bye 2001!!! Happy New Year!! Viva 2002!!!!! O ano só estava começando, prometendo mil e umas ...

Tuesday 2 December 2008

O primeiro emprego

The first job
Eu precisava frequentar uma escola o mais rápido possível. Quando eu comecei a estudar era uma escola “de grátis”. Os alunos internacionais eram as “cobaias” dos professores aprendizes que eram simuntâneamente, alunos do último ano das universidades de Licenciação da Língua Inglesa. Para mim, não me importava ser uma “cobaia”. Para quem não sabia falar absolutamente nada em inglês, qualquer injeção de sabedoria na testa e uma gota de aprendizado no olho, eu aceitava e agradecia. Foi um experiência excelente já que tive à oportunidade de conhecer várias pessoas de outros países que estavam na mesma situação que a minha, ou seja, um analfabeto em inglês. O interessante disso tudo era quanto mais cedo o aluno chegasse na escola, mais chances o mesmo tinha condições de participar das aulas e por isso, cada classe era diferente de um dia para o outro. Bem peculiar! Quando chegou a época para aplicar para o visto de estudante, eu tinha que me matrícular numa escola reconhecida, respeitada mas que fosse barata. E foi isso que eu fiz. Em 2001, já tinha muita escola ganhando muito dinheiro com estudantes internacionais. Era como se tivessem achado no meio dos prédios milenares de uma velha Londres, a galinha dos ovos de ouro com diamantes cravejados. Depois de um incessante pesquisa, encontrei uma escola chamada St Patrick. indicada por um colega e que fica bem no miolo do centro de Londres. Eu me matriculei no horário da tarde, mas disso tinha um único propósito: Pagar mais barato. Geralmente os estudantes trabalham como waiters(garcons) para se sustentar. Mas a melhor hora de estudar é o horário matutino. Explico: Qual é a hora do dia que um restaurante possivelmente ficará mais cheio? Ou que vai ter mais gorjetas? De 11:30 da manhã até às 4:00 da tarde. Por isso, a maioria querem estudar de manhã, para depois irem trabalhar. No meu caso eu optei o contrário. Pagar mais barato e trabalhar a noite, ou trabalhar em hotéis no café da manhã. Eu comecei a trabalhar para uma agência de festas. No geral, eu trabalhava em um lugar específico, mas ocasionalmente, a agência mandava os funcionários para os lugares mais longíquos. No início era tudo “FUN”( brincadeira). E na minha brincadeira de ciranda cirandinha, eu era, ou melhor, a maioria era, uma espécie de “ Maria vai com as outras”. Nesse lenga-lenga, quer queira ou quer não, eu fui conhecendo muita gente. Pessoas que deram muita força e pessoas que tiraram muita força. E aprendi um lição de vida: Seja sempre uma pessoa positiva, alegre, alto-astral e de bem com a vida, e sempre leve isso com você para qualquer lugar que for, nem que seja 1 kilomêtro de sua terra natal. Como diz um amigo meu: Negativismo! Afaste-se de mim! Pelos poderes de Greicekon! Eu tenho a força! Mas é claro, ninguém é “perfeito”. Todos nós temos alto e baixos, mas algumas pessoas têm o ponteiro da balança mais para o baixo. Tive sorte. A maioria era gente boa. Enfim chegou o meu primeiro dia como garçon. Eu fui convidado para trabalhar por um paulista que até então era ainda um recente conhecido, mas logo, ficamos amigos. Ele era supervisor. Nessa particular noite, teria um jantar muito importante, num lugar muito importante(foto acima), com pessoas muito importantes feito para uma pessoa muito mais que importante da sociedade inglesa. O convidado especial era o ex-primeiro ministro britânico John Major. Seria um oportunidade única para eu mostrar como eu era um verdadeiro desastrado. Que minha família o diga! O lugar se chama Long Room - Lords Cricket Ground. O Salão é espetacular. Nas paredes, enormes pinturas de jodadores de cricket com molduras douradas, ostentando riqueza. O teto cuidadosamente arquitetado, moldado e desenhado em detalhes, com suas glamorosas luminárias de luzes baixas. O chão parecia um espelho de tanto reluzir. Eram 15 mesas cuidadosamente decoradas para 150 convidados para 15 garçons. Cada cadeira era meticulosamente posta e nomeada para determinado membro da festa. Absolutamente tudo estava perfeito. Antes da festa, eu tentei aprender a servir como a sociedade espera de um bom “waiter”. Servir propriamente. Saber onde vai os garfos, facas e colheres, inclusive a faca exclusivamente para cortar queijo com figos e uvas. Copos de champagne, copos de vinho branco, copos de vinho tinto e copos para água. Saber a posição de absolutamente tudo sobreposto à mesa milimetricamente medida. Na recepção, foi servido champagne. Tínhamos que segurar pesadas bandejas com copos cheios de champagnes, suco de laranja e água por mais ou menos 1 hora. Detalhe: tinha que descer uma escada com a bandeja cheia para se posicionar na porta de entrada. E outros detalhes tipo: Que o vinho branco é para “entradas” ou peixes, o vinho vermelho é para o “prato principal” ou carnes vermelhas. Saber que quando serve o prato ao convidado, é pela direita. Depois deles comerem, verificar se talheres estão postos no centro, se sim, é o sinal que o convidado terminou e para retirar o prato da mesa é pela esquerda e empilhar cada prato em cima do pulso direito(10 pratos), e colocar os garfos e facas cruzadas para ter a certeza que não vão cair no chão. Somente pode limpar a mesa se realmente todos terminaram senão, tem que esperar ou continuar servindo vinho. Não pode encher o copo. É falta de educação. Não pode conversar com o outro garcon. É falta de educação. Não pode respirar. É falta de educação. Quando a recepção começou a única coisa que eu pensava era se alguém ia me perguntar alguma coisa banal e não saber responder, tipo: Onde é o toilete? Tentei ficar calmo, mas a bandeja não estava nada calma. Os copos de champagne tremiam. Os convidados chegavam lentamente pareciam a eternidade. Eu já não via a hora deles pegarem os copos e aliviar o peso da bandeja. Terminada a recepção e os convidados todos postos à cada mesa, eu pensei: passei no primeiro teste. Não quebrei nenhum copo e nem caí da escada. Corremos diretamente para o salão para server o vinho branco e pão. Eu nervoso, tremia com a garrafa na mão, mas continuava a servir. Voltamos para cozinha onde os nervosos chefes de cozinha, gritavam sem parar. Era a hora de servir a entrada. Os garcons fizeram um fila indiana para ficar tudo organizado. O gerente paulista estava perto da “top table”(mesa do John Major), para primeiro servir ele. E fomos enfileirados feito uma serpente deslizando entre as mesas. Tudo acontecia na mais perfeita ordem. Quando terminaram a entrada, eu limpei os pratos da minha mesa de forma confidente de que eu não ia deixar cair nenhum garfo ou faca. Levei os pratos para cozinha. Voltei ao salão para servir o vinho vermelho, para depois voltar para cozinha e estar pronto para servir o “prato principal”. Detalhe: O prato estava muito quente. Tínhamos que usar lenços para proteger os dedos para não queimarem. Os chefes loucos gritando, falavam para ir imediatamente para salão levando os pratos quase fervendo, e quando foi minha vez, eu com os pratos quentes na mão no meio do salão, aconteceu uma catastrófe. Eu …

Tuesday 25 November 2008

O cotidiano

Photo: Soho Square

day-to-day

Logo fui reconhecendo que o cotidiano de um inglês ou de qualquer outro cidadão que mora em Londres é puramente idêntico a qualquer outro ser humano na terra. Mas claro, com suas peculariedades. Apesar do sistema de transporte ser muito vasto, o fluxo de transeuntes é muito grande e confuso. Principalmente na horas de “rush”. Como passei semanas “vagando” pelo cidade, não me preocupava muito com isso. Gostava de ver aquela mutidão na rua. Só em estar ali participando do dia-a-dia era além da minha imaginação. Turistas misturados com trabalhadores, indo-vindo. Era verão(junho-setembro) na época. Plantas, flores e arbustos crescendo para todos os lados, plantados para parecer uma paisagem natural. Os parques lotados. Mães como os filhos sendo empurrados em carrinhos, executivos de palitó almoçando sentados na grama, jovens estudantes deitados estudando, enfim, todo mundo curtindo os leves raios de luzes de um sol piedoso. Nos pubs, pessoas conversando e bebendo copões de cervejas. Nas lojas e boutiques, clientes eufóricos por novidades. Londres, por ser uma cidade multi-cultural, nada é escondido em guetos. Talvez isso tenha acontecido no passado. Hoje a realidade é diferente. A população é bastante mesclada por brancos, negros e indianos. As pessoas são orgulhosas de mostrarem de qual comunidade elas são. Mas como em qualquer lugar do mundo em que vivemos, o que realmente separa uma comunidade de outra é o poder e dinheiro. Os ricos de um lado, com suas ostentações e os pobres do outro, com o básico. Até mesmo o rio Tâmisa consegue separar o pobre do rico. O norte do rio é mais rico que ao sul. Agora, adivinhem onde eu fui morar? No sul. Porque? Porque era mais barato, e ainda é. Agora para entender isso, é preciso voltar no tempo e saber um pouco da história da colonização inglesa. Os britânicos colonizaram a América do Norte, algumas ilhas da América Central(as melhores), a Guiana Inglesa, alguns país da África, a Índia, partes da China, a Oceânia. Eles dominaram e levaram sua bandeira e cultura aos quatro cantos, mas nunca imaginaram que todos esses países iriam dar o troco de forma tão cruel e automaticamente natural: Dominar o Reino Unido para sempre. O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Na época da Revolução Industrial, a Grã-Bretanha precisava de mão de obra barata e abriu as portas do país. A imigração foi massiva. A maioria dos imigrantes fizeram do Reino Unido, a morada definitiva. A minoria voltou para o país de origem e aos poucos foram criando comunidades caribenhas, africanas, paquistanesas, indianas, chinesas, enfim, hoje existem bairros que às vezes, você não acredita que está em Londres. Parece estar em outro país. Como disse anteriormente Londres é uma torre de babel. Onde eu morava, até parecia que estava em alguma ilha caribenha, como eles dizem “West Indies”. Deptford é um bairro de negros. A cultura, os costumes e a diversidade é muito grande. Muitas feiras e lojas tipicamente caribenhas e africanas. É impressionante como eles cultuam as tradições. Algo muito importante para os negros são salões de beleza para cabelos afros. Existem milhares a cada esquina. A comida e o modo de se vestir. O modo de dancar ou mesmo de dialogar. As decorações. O comportamento. Alguns acham que isso não faz mais parte da cultura dos negros, e sim absorvida pela própria cultura de Londres, porque faz parte não somente de um bairro, mas sim de vários outros espalhados com muita coesão pela grande cidade. Um dia eu fui à feira de frutas e adivinhem o que eu vi? Uma cesta de tamarindos. Eu não acreditei e tive que pegar para fazer um suco. No prédio em que eu morava, obtive várias amizades, que inclusive e coinscidentemente viria a conhecer a outro piauiense. Na verdade, foi ele que conseguiu o quarto para mim. Ele me ajudou muito. De todas as maneiras. Ele me ensinou conhecer Londres com os olhos de um cidadão. Me mostrou o caminho certo. Dos supermercados mais acessíveis até os pubs e clubs mais baratos. Tudo o que ele pôde fazer por mim ele fez, inclusive me deu o meu primeiro emprego. A minha mãe tem uma frase que diz assim: “Eu cuido dos filhos dos outros porque eu sei que outros estão cuidando dos meus”. Nunca esqueço isso. Outra frase clássica da minha mãe é: “meu filho, eu confio em você”. Agora imaginem o impacto e a responsabilidade de cuidar de você mesmo quando se ouve uma frase dessas de sua própria e amada mãe? Londres tem dois caminhos. O caminho do mal e o caminho do bem. Eu escolhi o do bem. Explico: O caminho do mal é quando você tem liberdade demais numa cidade onde tem as maiores facilidades de libertinagens inimagináveis inclusive de se envolver com drogas e ser irresponsável para com você mesmo se envolvendo com pessoas, trabalhos e negócios escusos. O caminho do bem é quando você consegue se afastar das tentações do mal e focaliza todas suas forças em coisas boas e positivas, sempre agindo da maneira mais justa possível. Alimentando objetivos e estar sempre do lado de pessoas que te levam para frente e sobretudo, estudar. Umas da primeiras barreiras em Londres foi realmente o idioma. Brasileiros como eu, que estudamos vários anos até mesmo optar por inglês no vestibular, achamos que sabemos alguma coisa. Que nada! Eu era um analfabeto diante de qualquer diálogo. Assistir TV, ouvir o rádio, ler o jornal, de nada valia. Eu não entendia absolutamente nada. Eu precisava frequentar uma escola o mais rápido possível. Quando eu comecei a estudar era uma escola …

Monday 24 November 2008

O minúsculo quarto

Photo: Deptford

Tiny room

Era a hora de ir atrás do meu “lar doce lar” e não sabia que isso seria tão difícil para encontrar. Tive que passar 1 semana na casa do meu amigo. E disso, eu agradeço muito. Depois de incessante procura por moradia, eu vi a luz no fim do túnel, aliás, eu vi o faixo de luz no fim do “quarto”. Londres, por ser uma cidade com 7 milhões de habitantes, existe uma alta demanda de aluguéis. Proprietários e imobiliárias alugam para cidadãos desconhecidos, principalmente estudantes internacionais que dividem os quartos e salas dos apartamentos e casas por um preço exorbitante. Foi através do amigo do meu amigo que eu consegui finalmente a moradia que invés de chamar de “lar doce lar”, eu chamei de “quarto doce quarto”. É um prédio de 3 andares que no térreo, tem uma loja de eletrônicos.Fica no bairro de Deptford no sul de londres na zona 2.Os quartos são minúsculos que não sei como e milagrosamente, tinham colocado um cama, um pia com água quente, a metade de uma geladeira, um armário pequeno e um guarda-roupa do tamanho de uma caixa de sapato em pé. Parecia um quarto de brinquedo. Cada andar tem um banheiro e uma cozinha que são divididos por todos que moram nos quartos do andar. O meu quarto era o menor de todos(Prédio amarelo-claro, foto acima). Fica no 3° andar no meio do prédio. Em cima do quarto tem uma cúpula, tipo uma coroa que insistentemente tremia quando algum sopro de vento batia. Dava medo! O melhor do quarto era a vista para cidade. Eu conseguia ver os arranha-céus do bairro de Canary Wharf. Por ironia, era uma brasileira que morava antes e tinha deixado muita coisa no quarto, inclusive uma tv, um stéreo, e fitas cassettes com músicas brasileiras. A primeira vez que vi o quarto, eu não conseguia acreditar no tamanho, mas o preço falou mais forte. Era barato comparado aos outros que vi e tinha um detalhe muito importante: Eu ia morar sozinho. Não precisava dividir quarto com ninguém. A maioria das pessoas que chegam, dividem quartos. É a única maneira de pagar menos e economizar dinheiro até porque a maioria não tem condições de morar sozinho em uma casa. Algumas moram em “quitinettes”, mas é muito caro. Às vezes, os quartos são divididos por até quarto pessoas em 2 beliches. Imaginem a confusão e falta de privacidade com pessoas que você nunca viu na vida. O preço varia dependendo da área onde mora. Quanto mais perto do centro, mais caro fica. Para mim, até então, eu não estava preocupado com área, eu queria era um canto e pagar barato por ele. Os meus vizinhos de andar eram de nacionalidades bem diferentes. Parecia a torre de babel. Tinha um garota da Bulgária, um cara do Nepal, um casal de russos, um cara da Nigéria. Enfim, cada um deles na mais discreta ordem. Quando alguém estava cozinha, o outro não incomodava. A mesma coisa valia para o banheiro. Em Deptford, o acesso ao transporte é bem grande e variado. Do lado, tem a estação de “Deptford Bridge Station” onde passa o trem que não tem maquinista. Verdade pura! É operado por computadores. Os ônibus passam frequentemente para o centro da cidade. E logo à frente tem a estação “ New Cross Station” onde passam trêns que vão tanto para centro de Londres como cidades que ficam no sul da Inglaterra em direção a costa oceânica. Explorar a cidade nunca ficou tão fácil a partir do momento que você conhece como voltar para casa. Existem mapas para tudo. Não dá para ficar perdido. E caso você necessite perguntar algo à uma pessoa na rua, a maioria dos ingleses dirão a informação correta. Logo fui reconhecendo que o cotidiano de um inglês ou de qualquer outro cidadão que mora em Londres é puramente…




P.S.: Todos os episódios que até agora mencionei, aconteceram em 2001. Até então, tudo era diferente e mais fácil. As leis mudaram. O que eu conto aqui nesse blog foi a minha experiência e não significa que, hoje, qualquer pessoa que deseja e planeja viajar/morar fora do país, possa fazer exatamente o mesmo caminho. Como se diz, cada caso é um caso. Quem está vindo e tiver alguma dúvida, "feel free" para deixar a sua pergunta no e-mail: blogpedro@live.co.uk. e me adicionem no MSN. thanks folks!

Thursday 20 November 2008

Pictures











Peckam Rye Park - o parque onde eu perdi a pochete.





Bank Station - a estaçã mais próxima do Banco do Brasil.






O Banco do Brasil em Londres








P.S: Apesar de está gostando de escrever o blog, eu preciso de incentivo dos leitores. Para quem está acompanhando e lendo, mande um e-mail para: blogpedro@live.co.uk e mande seu recado ou comentário, please!!!!!!!!

Wednesday 19 November 2008

A pochete perdida

Photo: Delegacia Britânica
The small bag lost


O pior de tudo era que eu não estava na minha sã consciência. Eu estava bêbado. Com a cabeça rodando, tentei recordar da tragédia que tinha acontecido. Eu, amargamente desacreditado que eu simplesmente tinha perdido a minha pochete que dentro continha meu passaporte carimbado com o visto, os 1.450 dólares em cheques de viagem ou “ travellers checks” e a câmera fotográfica com milhares de fotos de Lisboa registradas de um tempo e experiência que não se volta nunca mais. Algo marcado agora apenas na minha memória. Eu falei aflito para o meu amigo: - perdi minha pochete! Ela deve ter caido no chão. Imediatamente voltamos pelo o mesmo caminho até pub que estávamos bebendo. Meu amigo perguntou ao garcon, as pessoas da mesa próxima. Procurei debaixo da mesa. Procurei em todo canto do pub. Eu não achava. Voltamos pelo mesmo caminho até o parque perto da casa e absolutamente nada de encontrar a “maldita” pochete. Imaginem a situação, eu sem identidade e sem dinheiro. Incrédulo, eu cheguei na casa do meu amigo completamente desnorteado. A noite de felicidade acabou ali mesmo. Ele tentou me acalmar consolando-me que na manhã seguinte iríamos fazer o registro de ocorrência da perda na delegacia de polícia mais próxima. Que tinha uma enorme possibilidade da pessoa que tivesse achado, entregar ao setor de “achados/perdidos” da polícia local. Eu pensei: Seria ganhar na loteria 2 vezes! E óbvio, eu não consegui dormir direito aquela noite. Na manhã seguinte, fomos à polícia. Poderia ter sido tudo diferente, não é? Imaginem a cena se eu não tive perdido a pochete: Eu chegaria na casa do meu amigo, dormiria satisfeito. Acordaria no dia seguinte de bom humor e sem preocupação. Tomaria o café. Sairia para fazer turismo em algum lugar conhecido, digamos o big ben ou palácio da rainha e talvez almoçaria em algum restaurante perto do rio tâmisa com um copão de cerveja na mão. Agora voltemos a realidade: Acordei preocupado e ansioso. Quase não tomei o café. Por ironia do destino, sai no meu primeiro dia de turista na tão sonhada Londres, para visitar uma a delegacia. O que? Uma Delegacia!!!!Muito interessante. Invés da rainha, eu fui conhecer o palácio da polícia. Agradeço muito ao meu amigo por está comigo naquele momento. Era necessário um intérprete para eu conseguir entender o que o policial estava falando. Lembrem-se que o “CCAA” ou “Yazigi” não ensinam ao aluno a fazer um registro de ocorrência em inglês. O meu amigo explicou a situação ao policial e ele educamente passou um formulário para preencher. Escrevi tudo, inclusive a máquina fotográfica. Ele mencionou que era necessário esperar por 2 semanas até concluir se alguma alma bondosa ia entregar ou não, a “pochete” para o setor de perdidos/achados na delegacia. Ele me entregou o boletim de ocorrência desejando “ Good Luck”. Eu agradeci dizendo: Thank you! Com uma voz pessimista. O meu amigo me deu muita força naquela hora. Eu realmente não sabia o que fazer. Mas, ele me orientou astutamente e fomos resolver os "problemas". A começar pela coisa mais importante naquele momento: Dinheiro. No bolso, eu somente tinha o troco do ticket do trem. O resto do dinheiro estavam dentra pochete. Felizmente eram “travellers checks”. O motivo de ter comprado os cheques de viagem, eram justamente de pensar em que pudesse acontecer o que aconteceu comigo: A perda do dinheiro. Até parece que eu estava adivinhando. Quando se compra os cheques no brasil você deve manter os comprovantes e se eu não me engano, se você tem conta corrente no banco, os cheques são automaticamente creditados na sua própria conta, agindo com um comprovante. Pois bem, meu amigo me levou a agência do Banco do Brasil em Londres. Pegamos o ônibus vermelho de dois andares para o centro no bairro chamado “City”. Nesse bairro ficam a maioria dos bancos mundiais. Chegando no Banco do Brasil, nós fomos tão bem atendidos , que meu baixo astral melhorou. Ficou melhor ainda, quando eu recebi o dinheiro(as libras) nas mãos. De quebra, eu fiz amizades com 2 funcionários(um gaúcha e um inglês) que na época, foram bastante gentis e solidários. Hoje, somos amigos na hora da alegria e da tristeza. Perdi uma pochete. Ganhei 2 amigos do peito. Poderia ter saido para celebrar, mas não tinha nada para comemorar. Apesar do meu amigo está me ajudando muito, eu tinha que encontrar algum lugar para morar. Em Londres, para quem sabe muito bem, ninguém mora de graça. Tudo é caro. Cada gota d’agua, cada raio de luz emanado dentro da casa e se duvidar, cada átomo no ar para ser inalado, é pago por quem usa. Por isso, não era justo com meu amigo, apesar dele ser muito generoso. Não queria peturbar principalmente o sossêgo dele. Era a hora de ir atrás do meu “lar doce lar” e não sabia que isso seria tão...


Tuesday 18 November 2008

Portal Inglês

Photo: Oficial da imigração

English door
Quando o oficial da imigração me chamou, eu gelei. Para ser educado e gentil, lembrei das aulas do CCAA “de não muita utilidade, se não tem com quem praticar”, eu falei: Good afternoon, Sir! A voz saiu meia-trêmula. Ele prontamente e educamente falou: Good afternoon! Entreguei o passaporte cor casca de abacate, a passagem de volta para o Lisboa, o formulário preenchido e minha identidade do trabalho. Segui o conselho de meu amigo: Nunca fale mais do que o necessário. Não converse. Seja rápido e sintético. O oficial abriu o passaporte e perguntou: Where are you coming from?(De onde você está vindo?) eu falei: Brasil. Ele: ok, but where are you coming from now? Eu: aaahhhhhhhhhh sorry, from Lisbon(desculpa, de Lisboa). Ele: May I see your returning ticket to Brazil, please?(Posso ver a sua passagem de retorno ao Brasil, por favor? Eu: Ok! Ele: Are you alone?(Você está sozinho?) eu: Yes!I am( Sim! eu estou). Ele: Do you have money?(Você tem dinheiro?) eu: Yes, I have(Sim, eu tenho). Eu mostrei os 1.500 dólares de “cheques de viagem” que eu tinha comprado no Banco do Brasil em Teresina e mostrei o cartão de crédito internacional. O interrogatório durou cerca de 10 minutos. Ele checou todos os documentos, e para meu alívio, ele carimbou uma enorme estampa numa folha qualquer do passaporte e assinou me liberando. Eu feliz, pensei: Mais um súdito para a coleção da rainha. Um súdito sul-americano brasileiro do Piauí. Com a pochete na cintura, e a carteira no bolso da frente do jeans, fui atrás da minha mala na esteira. Feliz da vida, eu não acreditava que tinha conseguido. Eu estava ali no meio daquela multidão de passageiros, rindo para as malas passando como se tivessem dançando em cima das esteiras. Eu estava dormente. Finalmente minha pequena mala(minha vida) apareceu. Dentro dela além de roupas, tinha coragem, persistência, sonhos, objetivos e medo. Era como se tivesse na minha frente uma porta intergalática para o desconhecido. E que para atravessar essa porta, eram apenas alguns metros. O aeroporto de Gatwick que fica fora de Londres, no sul da Inglaterra, estava superlotado. Passageiros e transeuntes indo e vindo por todos os lados. O meu amigo que também é piauiense, já morava alguns anos em Londres e estava me esperando na estação de Victoria. Ele me passou todas as instruções, inclusive de como chegar até o “ Information Office” ( Setor de Informações) para perguntar onde pegava o trem para o centro de Londres e onde eu poderia trocar meus cheques de viagem por libras esterlinas para pagar o ticket. Supostamente era para eu pegar o trem da companhia chamada Gatwick Express. “Express” porque não tem “stop”. Do aeroporto direto para o centro de Londres na “Victoria Station” que praticamente fica dentro dos jardins do Palácio de Buckingham. A viagem dura 30 minutos. Ele avisou que a passagem poderia ser paga dentro do trem. Para mim, tudo era uma novidade. Eram 3 horas da tarde. O sol brilhava, mas estava frio. Eu entrei no trem. Como num ônibus circular, não existe poltronas marcadas. Eu sentei confortávelmente no acento que na frente, tinha uma mesa compartilhada com os outros 3 passageiros. Como se fóssemos jogar cartas. Apesar de cheio, Um silêncio pairou no ar. Como referência à educação inglesa, indelicado aquele que fala alto no trem ou metrô. O que se ouvia era apenas susurros de crianças e o barulho dos trilhos. O vendedor de tickets veio e perguntou pela passagem à todos da mesa. Automaticamente dei o dinheiro para ele e falei: - Thank you! Ele prontamente processou a máquina de tickets e me passou junto com troco, o ticket. Ele falou: - Thank you very much . Eu falei: Thank you. Ele falou: Thank you de novo. O típico inglês, se você deixar, ele repetirá “ thank you” e “sorry” o dia inteiro para você. Aos meus olhos amendoados olhando pela janela, a paisagem era espetacular. E ainda é. Mas na época, eu não estava no meu “habitat” natural do sertão e caatinga. Me deslumbrei com a beleza diferente. A vegetação parecia ser cortada por tesourinhas de manicures de salão de beleza da Avon. Eu, acostumado com as palmeiras carnaúbais e babaçus naturalmente destorcidos e desordenados, notava que as árvores e plantas inglesas pareciam milimetricamente plantadas, mescladas com as casas em formato iguais. Quando cheguei na estação, eu estava eufórico. Encontrei meu amigo. Eu feliz e aliviado de ter finalmente chegado e tê-lo encontrado. Ele feliz e aliviado de eu ter chegado e ter me encontrado. Nada pior do que esperar e ter dúvida se vai chegar. Na época, ele não tinha celular por opção, por isso, não tinha como avisar a ele se eu tinha chegado ou passado pela imigração. Enfim, eu realmente estava feliz por ter conseguido. E para comemorar, fomos para um pub in “Denmark Hill”, bairro ao sul de Londres à caminho do bairro Peckham onde meu amigo morava. Comigo na mão, a pequena mala cheia de sonhos e medos, a pochete(que dentro estava a câmera fotográfica, os cheques de viagem de 1.450 dólares, e o passaporte cor de casca de abacate carimbado com 6 meses de visto) e a carteira no bolso da frente do jeans. Quando chegamos no pub, pedimos adivinha o que? Vinho branco. Começamos a beber o vinho que estava gostoso e gelado. E lá se foram, 1 garrafa, 2 garrafas, 3 garrafas, e mais e mais. Eu repetidamente falando: Esse vinho tá docinho. Bom de beber, né? Se arrependimento matasse, eu estava queimado nas chamas com o próprio alcool do vinho. Eu explico: Quando saimos do pub, fomos direto para a casa do meu amigo caminhando. Peguei, os meus pertences e fomos embora. Já eram 9 da noite. Fomos pelo a estradinha do parque quando aconteceu a tragédia que mudaria tudo. Eu fui no inferno, vi o diabo chupando manga verde sem sal, e voltei para terra. Era como se estivesse acreditando que aquilo, não estava realmente acontecendo. O ataque de pânico foi crescendo e se alastrando dentro de mim. O tempo do baile do “cinderelo” tinha acabado e a carruagem invés de uma abobóra, virou uma jaca colossal. O pior de tudo era que…

Monday 17 November 2008

Passeio Lusitano

photo: Lisboa or Lisbon

Lusitano trip
As vozes eram de um casal brasileiro. Eles estavam falando de dívidas. Eu imediatamente passei para o outro lado da rua. Já bastavam as minhas para me preocupar. Segui em frente apreciando a arquitetura. O mais engraçado era que na minha mais notória inconsciência, eu estava comparando certos prédios com o que temos no Piauí. Um sobrado ali. Uma esquina acolá. Algum azulejo na parede. A sacada ou varanda com roupas estendidas para secar. O céu brilhando azul-piscina. Tudo muito similar, mas claro, estava comparando a estrutura física do lugar. A riqueza de detalhes é imcompáravel. O Piauí, é somente um pedacinho da imensa cultura lusitana espalhada no planeta. Caminhando ladeira abaixo, ladeira acima, pedi a um casal de brasileiros para tira uma foto minha no bairro Baixa-Chiado que fica no centro de Lisboa. Eles não falavam sobre dívidas então, pedi informações sobre a cidade. Quando realmente me sintonizei com o mapa na minha mão, os lugares foram mais fáceis de explorar. Os pontos principais ficam perto um do outro. Da Praça dos Restauradores e da Central do Rossio( estação de trem) , você pode ir caminhando para bairro Rossio. Por lá, passam a maioria dos ônibus da cidade, inclusive o que vai para o aeroporto. O metrô, apesar de pequeno, é eficiente. A acessibilidade é imensa. No centro, existe a rua chamada “Augusta”, que pode ser considerada a maior rua de compras de Lisboa. No final dela, em direção ao rio Tejo, existe um grande arco(foto acima) e logo em frente a magnífica Praça do Comércio. Passei os 3 dias em constante admiração por Lisboa. Uma cidade espetacular! Para quem gosta de arquitetura, esse é o lugar. Mal sabia que, depois de conhecer várias capitais européias, um dia eu diria que Lisboa é a minha cidade favorita. Já voltei para passear 2 vezes, sendo que, cada vez, é uma experiência diferente. A qualidade de vida é muito boa.
Depois de memoráveis dias, era hora de enfrentar a temida imigração britânica, e se eu não fosse aceito, eu já tinha um destino: Lisboa. Comprei a passagem para Londres, ida-volta, 3 horas antes de embarcar. Supostamente minha estadia em Londres seriam por 7 dias. O intuito da passagem era de mostrar ao agente de imigração que eu não tinha intenção nenhuma de ultrapassar o período de 6 meses dado ao turista brasileiro, ou mesmo de permanecer em Londres. No caso, eu teoricamente iria usar dos meus 6 meses de direito, apenas 7 dias. Era o que minha passagem mostrava. E lá fui eu a mais uma viagem de avião. Dessa vez, não tive nem tempo de me embriagar com vinho. A viagem dura 2 horas. Me contentei com um café morno com leite. E mesmo se eu quisesse beber vinho, eu estava nervoso demais para me embebedar. Queria absolutamente está sóbrio para qualquer pergunta ou situação imprevista. Como era um vôo doméstico entre países da comunidade européia, eu praticamente era um dos únicos forasteiros de toda a lista de passageiros. Isso eu soube, porque quando não se faz parte da comunidade européia, o passageiro tem que preencher um formulário perguntando seu nome, de onde vem, para onde vai, o seu endereço, sua profissão. Isto foi anunciado através dos comissários de bordo. Quem não fosse da “european community”, tinha que ter o fomulário preenchido na mão na hora do desembarque e entregar junto com o passaporte ao agente de imigração. Desembarcando do avião, às 2 da tarde, eu pensei rápidamente em ir para a fila de triagem. O fato é que se você for um dos primeiros, você tem a grande chance de ser verificado e liberado mais rápido. Eu digo por que, nessa hora, os agente estão mais calmos, e atenciosos. Eles querem se livrar da fila grande que vai se formando. Se você for um dos últimos corre o risco de você ser barrado e deportado. Mas cada caso é um caso! E quando chegou na minha vez, eu gelei e…

Wednesday 12 November 2008

Chegando em Lisboa

Photo: aeroporto de Lisboa

Para entender a saga, você tem que começar a ler de baixo para cima dessa página. Seguindo a ordem das datas. Thanks!

Arriving at Lisbon

Eram sete horas da noite, quando o avião finalmente pousou no “Lisbon Portela Airport” (Aeroporto de Lisboa). Depois do porre do vinho, e ter achado minha carteira, eu dormi como um anjo em cima de um algodão doce. Estava revigorado para a nova etapa: enfrentar a imigração portuguesa. Como todo marinheiro de primeira viagem, eu não sabia realmente para onde ir. Resolvi seguir uns brasileiros que pareciam ser bem confidentes. Foi um erro. Um ótimo conselho: nunca siga ninguém se você não tem certeza do que eles e você estão fazendo. Eles foram para a fila errada. A sorte minha é que observei o erro antes, e voltei para onde eu realmente pertencia: A fila dos atentos. A área de imigração nos aeroportos geralmente são bem grandes e espaçosas. Cada fila tem seu propósito.
1. A fila de quem faz parte da CE(Comunidade Européia: Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Holanda, e etc) maiores informações no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia . A entrada é livre entre países.
2. A fila de quem não faz parte da Comunidade Européia. Se eles quiserem a entrada é bloqueada.
E claro, eu estava incluso na segunda fila maior, a não-européia. O passaporte americano(do sul) virgem de carimbos. Aliás, o único carimbo que eu tinha era da Polícia Federal-PI dando passe livre para eu viajar para fora do país. Eu, na fila quilométrica, carregando na mão,o passaporte brasileiro cor casca de abacate, eu estava imerso na minha maior atitude patriótica até então: Levar um ser brasileiro-piauiense-campomaiorense, mundo afora. Chegada a minha vez, entreguei o passaporte cor abacate e a passagem ida-volta, ao oficial português de bigode. As perguntas foram básicas: 1.Qual o propósito da viagem? Férias. 2. Quanto tempo a estadia? 28 dias. Rapidamente ele abriu o passaporte abacate. Escolheu uma folha qualquer no meio, e estampou o carimbo de bem- vindo à Portugal/O direito de ficar três meses de férias. Ele disse: Aqui está o seu passaporte! Boas Férias. Eu me perguntei: - Era somente isso? Interminavéis horas eu passei dentro daquele avião, martelando o que eu deveria dizer. Quais eram as desculpas esfarrapadas que eu iria dar. O medo de ser renegado e rejeitado, afinal eu era um forasteiro com o propósito de ficar. E lembrei de uma frase que diz “se você tem medo de sofrer, você já está sofrendo”. Peguei minha pequena mala, minha mochila, minha pochete, e minha carteira no bolso da frente suja de vinho e fui em direção à saída do aeroporto. Fui ao orelhão ligar para a irmã da amiga de minha mãe que mora em Lisboa. Minha mãe pediu que se ela poderia me pegar no aeroporto e levar ao hotel. Eu liguei. Ela atendeu. Ela estava ocupada. Que não podia fazer nada. Eu desliguei dizendo obrigado. Fui simples, prático e sintético. Não fiquei chateado. No fundo achei melhor. Não queria incomodar e nem depender de ninguém. Sai do aeroporto levando a minha vida nas mãos. A mala. A mochila. A pochete. A carteira. Era final de primavera, mas o tempo naquele dia, apesar de claro, estava neblina forte. Estava frio. Quando cheguei na parada, tive que perguntar a uma senhora qual era o ônibus que iria para o centro de Lisboa perto da Marquês de Pombal. Eu imaginei o que faria se não tive encontrado aquela bendita senhora(sem bigode) naquele momento. Pior ainda, que não falasse meu idioma! Esperei uns 10 minutos pelo ônibus. Naquela época ainda nao se tinha a moeda euro em Portugal. O nome da moeda corrente portuguesa era escudo. Paguei a passagem de ônibus com escudos. O motorista português de bigode foi atencioso. Não gritou comigo. Eles falam como se tivessem irritados. A viagem do aeroporto até a Marques de Pombal, foi interessante. Tudo era novidade. Ruas largas, fontes luminosas, grande estátuas, prédios suntuosos. flores e plantas por todos os lados. Em meus pensamentos: Que maravilha! Estou me sentindo como se tivesse no primeiro mundo. Me belisca! Eu estou no primeiro mundo. Desci do ônibus na parada Marques de Pombal. Imediatamente senti o ar puro da fria brisa atlântica. Quando eu cheguei no hotel que tinha sido recomendado por um dos comissários da Transbrasil, eu achei que eu tinha voltado para o terceiro mundo. Rapidamente, o conto de fadas tinha acabado. A carruagem não virou abóbora, virou um piqui(fruta). O lugar era bem simples. Parecia mais uma acabada pousada, mas limpa. O recepcionista foi sincero: - Não temos vagas aqui. Se desejar, temos uma pensão do outro lado da rua. Eu estava exausto, mas fazer o que?, eu queria dormir. Fui rastejando. A recepcionista era uma senhora típica portuguesa(sem bigode), baixinha e seriamente entrucada. Levou-me até o quarto onde tinha uma cama, e um guarda-roupa se desmanchando. Apenas isto. O banheiro, ou melhor, “a casa de banho”, assim como eles falam , era comunitário no final do corridor. Ela retrucou: Temos banheira, mas não temos água quente! Não fiz cara feia, no Piauí não usamos banheira mesmo. Ai que me dei conta que eu tinha que banhar com flocos de gelo. Quase que eu pedi a ela o meu café da manhã no quarto. Café árabe, leite de cabra das colinas de Sintra, 2 ovos grandes com as claras bem passadas e as gemas meia- mole, sem passar do ponto, 1 suco de tamarindo e 1 croissant. Eu só queria dormir. Paguei quatro diárias necessárias para minha estadia. Afinal, eu nao queria luxo no quarto, apenas um lugar para guardar meus pertences e explorar a cidade. E se vocês realmente quiserem saber a razão de eu ter ficado com o quarto era o fato de ser possivelmente, a pensão mais barata da Europa. Eu precisava desesperadamente economizar!
Depois de um banho estremamente gelado, daqueles banhos que para aguentar você tem que cantar o “hino da bandeira” e pular, sai correndo do banheiro para o quarto, cai na cama e adormeci cansado da jornada. Quando amanheceu, esperei a portuguesa sem bigode, trazer minha bandeja de café da manhã, meu leite, os ovos ao ponto, meu suco de tamarindo e meu croissant, mas para a minha volátil e sensível realidade, ela nunca apareceu. Nem sequer trouxe toalhas de rosto limpas.
A fome bateu. O frio continuava. Acostumado com o calor do Piauí 365 dias por ano, eu imediatamente me vesti dos pés a cabeça e sai procurando comida ao redor do quarteirão, depois de 3 quadras eu encontrei ao que chamo a salvação dos meus 4 dias. Um supermercado! Que se chama Pingo Doce Supermercados. Comprei croissants, presunto, suco de uva e maçã. Voltei para o quarto. Comi quase tudo, apesar de não ter sido servido na bandeja pela portuguesa sem bigode. Determinado, sabia que uma dia na minha vida, eu ia ter esse privilégio.
Eram 9 horas da manhã quando sai para explorar a cidade e no pescoço, eu levava minha máquina fotográfica pronta pra clicar e fleshar(será se existe essa palavra ou eu estou inventando?). E para a minha surpresa, eu escuto vozes. Eram de ….

Tuesday 11 November 2008

A carteira perdida

Photo: Fortaleza By Night
The lost wallet
Na sala de espera do aeroporto de Fortaleza, estava eu, pensando num turbilhão de coisas. E foi exatamente nessa viajem, é que eu descobri que, em uma de muitas, eu tinha um determinado tipo de paranóia. Daquelas do tipo que você verifica duas vezes se fechou a porta de casa, ou se passou a chave na porta ou se você desligou o ferro depois de ter saido de casa. Então, antes de entrar no avião, decidi tomar um café. Fui a lanchonete. Pedi o café e aproveitei para me despedir da culinária brasileira: do pão de queijo e da coxinha. Tirei minha carteira de dinheiro, cartões de crédito e documentos do bolso da calça. Paguei a conta e fui para a fila de entrada do avião. Entrei, e logo em seguida, achei minha poltrona. Peguei meu livro pra ler, sentei, apertei o sinto de segurança e relaxei. Quando o avião começou a decolar, eu, na minha iniciada e benigna paranóia, apalpei o bolso de trás da calça para ter a certeza que minha carteira de dinheiro estava segura. Para a minha surpresa e meu desespero, ela não estava. O coração começou a palpitar forte. Começei a suar frio. Eu não podia me levantar. O sinto de segurança me prendia ferozmente afivelado e aeronave ainda estava decolando na posição diagonal. Dava para ver a cidade de Fortaleza e o mar azulado junto dela, pela janelinha. Eu imaginei: “Será se eu deixei a carteira no balcão da lanchonete onde eu tomei o café?” e num ato quase de pânico, deu uma profunda vontade de gritar dizendo : - Parem o avião, pelo amor de qualquer coisa! Eu esqueci minha carteira na lanchonete. Mas nao, fiquei calado em meu silencioso ataque de pânico. E num piscar de sílios, veio a guilhotina virtual e final no meu pescoço e pensei: O que farei na hora que imigração portuguesa me pedir os documentos(identidade, CPF, título, reservista)? Ai veio a culpa. Tentava encontrar meios de colocar a culpa em alguma coisa. Primeiro pensei: Porque eu não coloquei a bendita carteira na mochila, ou na pochete onde junto, estava o passaporte, a camera fotográfica e os travellers checks, ou mesmo ter segurado na mão Poxa vida! Será que tem quer ser difícil assim. Para eu ficar menos mal e dá uma de coitado na minha própria estória, eu resolvi colocar toda a culpa na coxinha e no pão de queijo que eu comi. Pronto, resolvido a minha culpa, mas eu precisava da carteira, afinal como eu ia me virar no meu mundo novo de fantasias de pura realidade? Passado instantes, a aeronave se posicionou em posição horizontal,. em cima das nuvens flutuando. O piloto avisou pelo interfone que poderíamos desafivelar os sintos. Eu sabia que não precisava olhar na mochila ou na pochete. Não estaria em nenhuma delas. Corri como Barrichelo, atrás da aeromoça. O meu coração quase pulando goela acima. Falei o que estava acontecendo e prontamente ela disse que ia ajudar. Que ia pedir à cabine para ligar para o aeroporto e perguntar se tinham achado uma carteira no balcão da lanchonete. Que era para eu ficar calmo, e me posicionou na poltrona dela. Deu-me água e pediu para eu respirar fundo. A única coisa realmente que eu queria era a minha carteira. Mais calmo, voltei a minha poltrona. Enfim, eu não podia fazer nada. E nem se eu quisesse, Lá estava eu, pairando no imenso céu, dentro de uma lata suspensa no ar, no meio do oceano atlântico, há 500 mil pés de distância e o pior de tudo, sem identidade. Mas, como eu sou uma pessoa otiminista, eu não me deixei abalar mais do que já estava. Resolvi aproveitar a viagem. Era a hora do almoço. Pedi vinho branco. Era amargo! Até pensei em pedir um vinho “santa felicidade” que é mais docinho, mas seria indelicadeza com o vinho servido a bordo. Bobeira! Era amargo, mas delicioso. Almocei um peixe sem sal e salada mixta ou "mística"? Sem comentários. E pedi mais vinho. Eu queria me embebedar para esquecer a tragédia da carteira. Na quinta garrafa de vinho, o avião deu uma turbulência tão grande que virou o copo cheio de vinho nas minhas pernas. E para minha maior surpresa, e um sorriso amarelo de felicidade e vergonha, senti que a minha bendita carteira, toda molhada de vinho, estava no bolso da frente da calça e não como de costume. Eu sempre colocava minha carteira no bolso de trás. Para comemorar, eu pedi mais vinho. E num passe de uma mágica bebedeira, a viagem, de um desastre virou um aprendizado. Viva o vinho branco amargo! Viva!


Algumas horas depois, era a hora de enfrentar a imigração portuguesa e quando chegou minha vez de mostrar os documentos, eu .....

Saturday 1 November 2008

O sonho

Photo: Serra da Ibiapaba, entre Piauí e Ceará

The dream

Como um sonho de uma criança curiosa e inquieta, eu sempre quis conhecer o outro lado do oceano. Considerando o ponto de referência “Piauí”, eu queria viajar no sentido leste, em particular. Minha mãe era professora de Estudos Sociais e Geografia e tínhamos em casa, vários livros e quando eu olhava no Mapa Mundi, meus olhos fixavam na parte europeia, e em meus pensamentos, eu ficava fascinado e tentava imaginar a minha chegada na minha velha terra prometida. Detalhe: Eu não vim de caravelas!
Do sonho à realidade, não foi tão díficil. Apenas 4 anos de inteira dedicação. Eu passei 1 ano trabalhando os 3 turnos em 3 lugares diferentes recebendo 3 salários. O turno da noite era o pior. Terminava o trabalho 1 da manhã. Juntar o dinheiro era apenas um pequena grande parte do processo. Mas, o mais importante mesmo, era ter um alguém na chegada para receber-me. E olha que sorte eu tive! eu tinha alguém, mas não era apenas um “alguém”, era um amigo.
Foi através desse amigo que realmente que tudo se concretizou. Eu sonhava com a Europa como um todo. De Portugal até o leste europeu. Mas o meu amigo morava em Londres - Inglaterra. E ele mostrou-me o caminho britânico. Os primeiros passos, o que fazer(tirar o passaporte brasileiro e comprar a passagem ida-volta), o que levar(o mínimo possível), como fazer(mostrar a imigração que você é turista) e me falou algo que eu considero importante. Se eu não gostasse ou não me adaptasse, eu poderia ao menos, voltar falando inglês. Fiquei otimista com a possibilidade. Comecei a minha pesquisa na internet a todos os sites que se referia a Londres. Até parecia que tudo estava destinado. Quando resolvi comprar a passagem, um amigo trabalhava na Transbrasil e conseguiu uma passagem para Lisboa ida-volta com um generoso desconto.
No dia tão sonhado da viagem, o meu pai falou e enfatizou uma das frases mais importantes da viajem: Lembre-se, se não der certo, você tem uma casa pra voltar. Isso me marcou!
A passagem internacional era Fortaleza-Lisboa-Fortaleza. Para economizar dinheiro, resolvi sair de Teresina-PI, de ônibus. De uma forma nostágica, meus familiares e amigos foram à rodoviária dar o “goodbye”. Era 15 de maio de 2001. Na despedida, não chorei. Queria ser forte. Quando entrei no ônibus, foi difícil me conter. Duro deixar a quem você ama para trás. Foram-se 9 horas de uma viagem turbulenta atravessando as primeiras fronteiras e uma serra perigosa chamada “Serra da Ibiapaba”(foto acima) entre o Piauí e o Ceará. Cheguei em Fortaleza exausto.
Apreensivo, entrei no saguão do aeroporto de Fortaleza tremendo, mas determinado. Afinal, tinha jogado tudo para o alto. Os pensamentos confusamente misturados de sonhos, receios e arrependimentos, vice-versa. O meu amigo da Transbrasil estava presente. Os anjos começaram a criar asas em torno de mim e me proteger.

A viagem de avião foi um desastre ….
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Vamos em frente, que atrás vem poloneses”-”

Pedro Gomes Neto

Objetivo

Photo: Big Ben by Pedro
Fazem 7 anos e quase 2 meses que aconteceu o atentado do Afeganistão contra os Estados Unidos, onde foi um dos maiores desastres do século. Na época, eu estava com 3 meses e 11 dias morando em Londres e estava trabalhando num lugar importante da cidade. Detalhes desse particular dia, vou contar mais a frente o que realmente aconteceu tanto à minha volta como também o que aconteceu à cidade de Londres.
Como estou começando a escrever o blog hoje, gostaria de voltar desde do início ao que eu chamo de ” A saga de um piauiense rumo a europa “. Mencionarei desde o dia que decidi a fazer a essa grande viagem, dos planos, da ação, da viagem, da chegada, da imigração, do medo, dos receios, das descobertas, dos dias bons e ruins, do primeiro dia, da primeira semana, do primeiro mes, até os dias de hoje.
Eu vou falar sobre a cultura, costumes e lugares europeus, mas é a Inglaterra que vou focalizar mais, falando da integração da cultura e costumes ingleses na minha vida e na dos brasileiros que aqui vivem, enfim na vida de um imigrante estrangeiro em geral.
Afirmo e reafirmo que essa experiência aconteceu em 2001 e é que depois de ataques terroristas e bombas, as leis britânicas mudaram drasticamente. As portas fecharam! Todo brasileiro que quer passear na Inglaterra tem grandes chances de conseguir entrar, com tem grandes changes de der deportado. A triagem é bastante rigorosa atualmente. Quem quiser estudar têm que aplicar para o visto de estudante no país de origem.

Pedro x

Introduçao


Antes de mais nada, por morar em Londres e usar um computador britanico, estou incapacitado de usar acentos ortográficos em certas palavras que necessitam ser acentuadas. Me perdoem!
Meu nome é Pedro e moro a 7 anos em Londres.