Tuesday 25 November 2008

O cotidiano

Photo: Soho Square

day-to-day

Logo fui reconhecendo que o cotidiano de um inglês ou de qualquer outro cidadão que mora em Londres é puramente idêntico a qualquer outro ser humano na terra. Mas claro, com suas peculariedades. Apesar do sistema de transporte ser muito vasto, o fluxo de transeuntes é muito grande e confuso. Principalmente na horas de “rush”. Como passei semanas “vagando” pelo cidade, não me preocupava muito com isso. Gostava de ver aquela mutidão na rua. Só em estar ali participando do dia-a-dia era além da minha imaginação. Turistas misturados com trabalhadores, indo-vindo. Era verão(junho-setembro) na época. Plantas, flores e arbustos crescendo para todos os lados, plantados para parecer uma paisagem natural. Os parques lotados. Mães como os filhos sendo empurrados em carrinhos, executivos de palitó almoçando sentados na grama, jovens estudantes deitados estudando, enfim, todo mundo curtindo os leves raios de luzes de um sol piedoso. Nos pubs, pessoas conversando e bebendo copões de cervejas. Nas lojas e boutiques, clientes eufóricos por novidades. Londres, por ser uma cidade multi-cultural, nada é escondido em guetos. Talvez isso tenha acontecido no passado. Hoje a realidade é diferente. A população é bastante mesclada por brancos, negros e indianos. As pessoas são orgulhosas de mostrarem de qual comunidade elas são. Mas como em qualquer lugar do mundo em que vivemos, o que realmente separa uma comunidade de outra é o poder e dinheiro. Os ricos de um lado, com suas ostentações e os pobres do outro, com o básico. Até mesmo o rio Tâmisa consegue separar o pobre do rico. O norte do rio é mais rico que ao sul. Agora, adivinhem onde eu fui morar? No sul. Porque? Porque era mais barato, e ainda é. Agora para entender isso, é preciso voltar no tempo e saber um pouco da história da colonização inglesa. Os britânicos colonizaram a América do Norte, algumas ilhas da América Central(as melhores), a Guiana Inglesa, alguns país da África, a Índia, partes da China, a Oceânia. Eles dominaram e levaram sua bandeira e cultura aos quatro cantos, mas nunca imaginaram que todos esses países iriam dar o troco de forma tão cruel e automaticamente natural: Dominar o Reino Unido para sempre. O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Na época da Revolução Industrial, a Grã-Bretanha precisava de mão de obra barata e abriu as portas do país. A imigração foi massiva. A maioria dos imigrantes fizeram do Reino Unido, a morada definitiva. A minoria voltou para o país de origem e aos poucos foram criando comunidades caribenhas, africanas, paquistanesas, indianas, chinesas, enfim, hoje existem bairros que às vezes, você não acredita que está em Londres. Parece estar em outro país. Como disse anteriormente Londres é uma torre de babel. Onde eu morava, até parecia que estava em alguma ilha caribenha, como eles dizem “West Indies”. Deptford é um bairro de negros. A cultura, os costumes e a diversidade é muito grande. Muitas feiras e lojas tipicamente caribenhas e africanas. É impressionante como eles cultuam as tradições. Algo muito importante para os negros são salões de beleza para cabelos afros. Existem milhares a cada esquina. A comida e o modo de se vestir. O modo de dancar ou mesmo de dialogar. As decorações. O comportamento. Alguns acham que isso não faz mais parte da cultura dos negros, e sim absorvida pela própria cultura de Londres, porque faz parte não somente de um bairro, mas sim de vários outros espalhados com muita coesão pela grande cidade. Um dia eu fui à feira de frutas e adivinhem o que eu vi? Uma cesta de tamarindos. Eu não acreditei e tive que pegar para fazer um suco. No prédio em que eu morava, obtive várias amizades, que inclusive e coinscidentemente viria a conhecer a outro piauiense. Na verdade, foi ele que conseguiu o quarto para mim. Ele me ajudou muito. De todas as maneiras. Ele me ensinou conhecer Londres com os olhos de um cidadão. Me mostrou o caminho certo. Dos supermercados mais acessíveis até os pubs e clubs mais baratos. Tudo o que ele pôde fazer por mim ele fez, inclusive me deu o meu primeiro emprego. A minha mãe tem uma frase que diz assim: “Eu cuido dos filhos dos outros porque eu sei que outros estão cuidando dos meus”. Nunca esqueço isso. Outra frase clássica da minha mãe é: “meu filho, eu confio em você”. Agora imaginem o impacto e a responsabilidade de cuidar de você mesmo quando se ouve uma frase dessas de sua própria e amada mãe? Londres tem dois caminhos. O caminho do mal e o caminho do bem. Eu escolhi o do bem. Explico: O caminho do mal é quando você tem liberdade demais numa cidade onde tem as maiores facilidades de libertinagens inimagináveis inclusive de se envolver com drogas e ser irresponsável para com você mesmo se envolvendo com pessoas, trabalhos e negócios escusos. O caminho do bem é quando você consegue se afastar das tentações do mal e focaliza todas suas forças em coisas boas e positivas, sempre agindo da maneira mais justa possível. Alimentando objetivos e estar sempre do lado de pessoas que te levam para frente e sobretudo, estudar. Umas da primeiras barreiras em Londres foi realmente o idioma. Brasileiros como eu, que estudamos vários anos até mesmo optar por inglês no vestibular, achamos que sabemos alguma coisa. Que nada! Eu era um analfabeto diante de qualquer diálogo. Assistir TV, ouvir o rádio, ler o jornal, de nada valia. Eu não entendia absolutamente nada. Eu precisava frequentar uma escola o mais rápido possível. Quando eu comecei a estudar era uma escola …

Monday 24 November 2008

O minúsculo quarto

Photo: Deptford

Tiny room

Era a hora de ir atrás do meu “lar doce lar” e não sabia que isso seria tão difícil para encontrar. Tive que passar 1 semana na casa do meu amigo. E disso, eu agradeço muito. Depois de incessante procura por moradia, eu vi a luz no fim do túnel, aliás, eu vi o faixo de luz no fim do “quarto”. Londres, por ser uma cidade com 7 milhões de habitantes, existe uma alta demanda de aluguéis. Proprietários e imobiliárias alugam para cidadãos desconhecidos, principalmente estudantes internacionais que dividem os quartos e salas dos apartamentos e casas por um preço exorbitante. Foi através do amigo do meu amigo que eu consegui finalmente a moradia que invés de chamar de “lar doce lar”, eu chamei de “quarto doce quarto”. É um prédio de 3 andares que no térreo, tem uma loja de eletrônicos.Fica no bairro de Deptford no sul de londres na zona 2.Os quartos são minúsculos que não sei como e milagrosamente, tinham colocado um cama, um pia com água quente, a metade de uma geladeira, um armário pequeno e um guarda-roupa do tamanho de uma caixa de sapato em pé. Parecia um quarto de brinquedo. Cada andar tem um banheiro e uma cozinha que são divididos por todos que moram nos quartos do andar. O meu quarto era o menor de todos(Prédio amarelo-claro, foto acima). Fica no 3° andar no meio do prédio. Em cima do quarto tem uma cúpula, tipo uma coroa que insistentemente tremia quando algum sopro de vento batia. Dava medo! O melhor do quarto era a vista para cidade. Eu conseguia ver os arranha-céus do bairro de Canary Wharf. Por ironia, era uma brasileira que morava antes e tinha deixado muita coisa no quarto, inclusive uma tv, um stéreo, e fitas cassettes com músicas brasileiras. A primeira vez que vi o quarto, eu não conseguia acreditar no tamanho, mas o preço falou mais forte. Era barato comparado aos outros que vi e tinha um detalhe muito importante: Eu ia morar sozinho. Não precisava dividir quarto com ninguém. A maioria das pessoas que chegam, dividem quartos. É a única maneira de pagar menos e economizar dinheiro até porque a maioria não tem condições de morar sozinho em uma casa. Algumas moram em “quitinettes”, mas é muito caro. Às vezes, os quartos são divididos por até quarto pessoas em 2 beliches. Imaginem a confusão e falta de privacidade com pessoas que você nunca viu na vida. O preço varia dependendo da área onde mora. Quanto mais perto do centro, mais caro fica. Para mim, até então, eu não estava preocupado com área, eu queria era um canto e pagar barato por ele. Os meus vizinhos de andar eram de nacionalidades bem diferentes. Parecia a torre de babel. Tinha um garota da Bulgária, um cara do Nepal, um casal de russos, um cara da Nigéria. Enfim, cada um deles na mais discreta ordem. Quando alguém estava cozinha, o outro não incomodava. A mesma coisa valia para o banheiro. Em Deptford, o acesso ao transporte é bem grande e variado. Do lado, tem a estação de “Deptford Bridge Station” onde passa o trem que não tem maquinista. Verdade pura! É operado por computadores. Os ônibus passam frequentemente para o centro da cidade. E logo à frente tem a estação “ New Cross Station” onde passam trêns que vão tanto para centro de Londres como cidades que ficam no sul da Inglaterra em direção a costa oceânica. Explorar a cidade nunca ficou tão fácil a partir do momento que você conhece como voltar para casa. Existem mapas para tudo. Não dá para ficar perdido. E caso você necessite perguntar algo à uma pessoa na rua, a maioria dos ingleses dirão a informação correta. Logo fui reconhecendo que o cotidiano de um inglês ou de qualquer outro cidadão que mora em Londres é puramente…




P.S.: Todos os episódios que até agora mencionei, aconteceram em 2001. Até então, tudo era diferente e mais fácil. As leis mudaram. O que eu conto aqui nesse blog foi a minha experiência e não significa que, hoje, qualquer pessoa que deseja e planeja viajar/morar fora do país, possa fazer exatamente o mesmo caminho. Como se diz, cada caso é um caso. Quem está vindo e tiver alguma dúvida, "feel free" para deixar a sua pergunta no e-mail: blogpedro@live.co.uk. e me adicionem no MSN. thanks folks!

Thursday 20 November 2008

Pictures











Peckam Rye Park - o parque onde eu perdi a pochete.





Bank Station - a estaçã mais próxima do Banco do Brasil.






O Banco do Brasil em Londres








P.S: Apesar de está gostando de escrever o blog, eu preciso de incentivo dos leitores. Para quem está acompanhando e lendo, mande um e-mail para: blogpedro@live.co.uk e mande seu recado ou comentário, please!!!!!!!!

Wednesday 19 November 2008

A pochete perdida

Photo: Delegacia Britânica
The small bag lost


O pior de tudo era que eu não estava na minha sã consciência. Eu estava bêbado. Com a cabeça rodando, tentei recordar da tragédia que tinha acontecido. Eu, amargamente desacreditado que eu simplesmente tinha perdido a minha pochete que dentro continha meu passaporte carimbado com o visto, os 1.450 dólares em cheques de viagem ou “ travellers checks” e a câmera fotográfica com milhares de fotos de Lisboa registradas de um tempo e experiência que não se volta nunca mais. Algo marcado agora apenas na minha memória. Eu falei aflito para o meu amigo: - perdi minha pochete! Ela deve ter caido no chão. Imediatamente voltamos pelo o mesmo caminho até pub que estávamos bebendo. Meu amigo perguntou ao garcon, as pessoas da mesa próxima. Procurei debaixo da mesa. Procurei em todo canto do pub. Eu não achava. Voltamos pelo mesmo caminho até o parque perto da casa e absolutamente nada de encontrar a “maldita” pochete. Imaginem a situação, eu sem identidade e sem dinheiro. Incrédulo, eu cheguei na casa do meu amigo completamente desnorteado. A noite de felicidade acabou ali mesmo. Ele tentou me acalmar consolando-me que na manhã seguinte iríamos fazer o registro de ocorrência da perda na delegacia de polícia mais próxima. Que tinha uma enorme possibilidade da pessoa que tivesse achado, entregar ao setor de “achados/perdidos” da polícia local. Eu pensei: Seria ganhar na loteria 2 vezes! E óbvio, eu não consegui dormir direito aquela noite. Na manhã seguinte, fomos à polícia. Poderia ter sido tudo diferente, não é? Imaginem a cena se eu não tive perdido a pochete: Eu chegaria na casa do meu amigo, dormiria satisfeito. Acordaria no dia seguinte de bom humor e sem preocupação. Tomaria o café. Sairia para fazer turismo em algum lugar conhecido, digamos o big ben ou palácio da rainha e talvez almoçaria em algum restaurante perto do rio tâmisa com um copão de cerveja na mão. Agora voltemos a realidade: Acordei preocupado e ansioso. Quase não tomei o café. Por ironia do destino, sai no meu primeiro dia de turista na tão sonhada Londres, para visitar uma a delegacia. O que? Uma Delegacia!!!!Muito interessante. Invés da rainha, eu fui conhecer o palácio da polícia. Agradeço muito ao meu amigo por está comigo naquele momento. Era necessário um intérprete para eu conseguir entender o que o policial estava falando. Lembrem-se que o “CCAA” ou “Yazigi” não ensinam ao aluno a fazer um registro de ocorrência em inglês. O meu amigo explicou a situação ao policial e ele educamente passou um formulário para preencher. Escrevi tudo, inclusive a máquina fotográfica. Ele mencionou que era necessário esperar por 2 semanas até concluir se alguma alma bondosa ia entregar ou não, a “pochete” para o setor de perdidos/achados na delegacia. Ele me entregou o boletim de ocorrência desejando “ Good Luck”. Eu agradeci dizendo: Thank you! Com uma voz pessimista. O meu amigo me deu muita força naquela hora. Eu realmente não sabia o que fazer. Mas, ele me orientou astutamente e fomos resolver os "problemas". A começar pela coisa mais importante naquele momento: Dinheiro. No bolso, eu somente tinha o troco do ticket do trem. O resto do dinheiro estavam dentra pochete. Felizmente eram “travellers checks”. O motivo de ter comprado os cheques de viagem, eram justamente de pensar em que pudesse acontecer o que aconteceu comigo: A perda do dinheiro. Até parece que eu estava adivinhando. Quando se compra os cheques no brasil você deve manter os comprovantes e se eu não me engano, se você tem conta corrente no banco, os cheques são automaticamente creditados na sua própria conta, agindo com um comprovante. Pois bem, meu amigo me levou a agência do Banco do Brasil em Londres. Pegamos o ônibus vermelho de dois andares para o centro no bairro chamado “City”. Nesse bairro ficam a maioria dos bancos mundiais. Chegando no Banco do Brasil, nós fomos tão bem atendidos , que meu baixo astral melhorou. Ficou melhor ainda, quando eu recebi o dinheiro(as libras) nas mãos. De quebra, eu fiz amizades com 2 funcionários(um gaúcha e um inglês) que na época, foram bastante gentis e solidários. Hoje, somos amigos na hora da alegria e da tristeza. Perdi uma pochete. Ganhei 2 amigos do peito. Poderia ter saido para celebrar, mas não tinha nada para comemorar. Apesar do meu amigo está me ajudando muito, eu tinha que encontrar algum lugar para morar. Em Londres, para quem sabe muito bem, ninguém mora de graça. Tudo é caro. Cada gota d’agua, cada raio de luz emanado dentro da casa e se duvidar, cada átomo no ar para ser inalado, é pago por quem usa. Por isso, não era justo com meu amigo, apesar dele ser muito generoso. Não queria peturbar principalmente o sossêgo dele. Era a hora de ir atrás do meu “lar doce lar” e não sabia que isso seria tão...


Tuesday 18 November 2008

Portal Inglês

Photo: Oficial da imigração

English door
Quando o oficial da imigração me chamou, eu gelei. Para ser educado e gentil, lembrei das aulas do CCAA “de não muita utilidade, se não tem com quem praticar”, eu falei: Good afternoon, Sir! A voz saiu meia-trêmula. Ele prontamente e educamente falou: Good afternoon! Entreguei o passaporte cor casca de abacate, a passagem de volta para o Lisboa, o formulário preenchido e minha identidade do trabalho. Segui o conselho de meu amigo: Nunca fale mais do que o necessário. Não converse. Seja rápido e sintético. O oficial abriu o passaporte e perguntou: Where are you coming from?(De onde você está vindo?) eu falei: Brasil. Ele: ok, but where are you coming from now? Eu: aaahhhhhhhhhh sorry, from Lisbon(desculpa, de Lisboa). Ele: May I see your returning ticket to Brazil, please?(Posso ver a sua passagem de retorno ao Brasil, por favor? Eu: Ok! Ele: Are you alone?(Você está sozinho?) eu: Yes!I am( Sim! eu estou). Ele: Do you have money?(Você tem dinheiro?) eu: Yes, I have(Sim, eu tenho). Eu mostrei os 1.500 dólares de “cheques de viagem” que eu tinha comprado no Banco do Brasil em Teresina e mostrei o cartão de crédito internacional. O interrogatório durou cerca de 10 minutos. Ele checou todos os documentos, e para meu alívio, ele carimbou uma enorme estampa numa folha qualquer do passaporte e assinou me liberando. Eu feliz, pensei: Mais um súdito para a coleção da rainha. Um súdito sul-americano brasileiro do Piauí. Com a pochete na cintura, e a carteira no bolso da frente do jeans, fui atrás da minha mala na esteira. Feliz da vida, eu não acreditava que tinha conseguido. Eu estava ali no meio daquela multidão de passageiros, rindo para as malas passando como se tivessem dançando em cima das esteiras. Eu estava dormente. Finalmente minha pequena mala(minha vida) apareceu. Dentro dela além de roupas, tinha coragem, persistência, sonhos, objetivos e medo. Era como se tivesse na minha frente uma porta intergalática para o desconhecido. E que para atravessar essa porta, eram apenas alguns metros. O aeroporto de Gatwick que fica fora de Londres, no sul da Inglaterra, estava superlotado. Passageiros e transeuntes indo e vindo por todos os lados. O meu amigo que também é piauiense, já morava alguns anos em Londres e estava me esperando na estação de Victoria. Ele me passou todas as instruções, inclusive de como chegar até o “ Information Office” ( Setor de Informações) para perguntar onde pegava o trem para o centro de Londres e onde eu poderia trocar meus cheques de viagem por libras esterlinas para pagar o ticket. Supostamente era para eu pegar o trem da companhia chamada Gatwick Express. “Express” porque não tem “stop”. Do aeroporto direto para o centro de Londres na “Victoria Station” que praticamente fica dentro dos jardins do Palácio de Buckingham. A viagem dura 30 minutos. Ele avisou que a passagem poderia ser paga dentro do trem. Para mim, tudo era uma novidade. Eram 3 horas da tarde. O sol brilhava, mas estava frio. Eu entrei no trem. Como num ônibus circular, não existe poltronas marcadas. Eu sentei confortávelmente no acento que na frente, tinha uma mesa compartilhada com os outros 3 passageiros. Como se fóssemos jogar cartas. Apesar de cheio, Um silêncio pairou no ar. Como referência à educação inglesa, indelicado aquele que fala alto no trem ou metrô. O que se ouvia era apenas susurros de crianças e o barulho dos trilhos. O vendedor de tickets veio e perguntou pela passagem à todos da mesa. Automaticamente dei o dinheiro para ele e falei: - Thank you! Ele prontamente processou a máquina de tickets e me passou junto com troco, o ticket. Ele falou: - Thank you very much . Eu falei: Thank you. Ele falou: Thank you de novo. O típico inglês, se você deixar, ele repetirá “ thank you” e “sorry” o dia inteiro para você. Aos meus olhos amendoados olhando pela janela, a paisagem era espetacular. E ainda é. Mas na época, eu não estava no meu “habitat” natural do sertão e caatinga. Me deslumbrei com a beleza diferente. A vegetação parecia ser cortada por tesourinhas de manicures de salão de beleza da Avon. Eu, acostumado com as palmeiras carnaúbais e babaçus naturalmente destorcidos e desordenados, notava que as árvores e plantas inglesas pareciam milimetricamente plantadas, mescladas com as casas em formato iguais. Quando cheguei na estação, eu estava eufórico. Encontrei meu amigo. Eu feliz e aliviado de ter finalmente chegado e tê-lo encontrado. Ele feliz e aliviado de eu ter chegado e ter me encontrado. Nada pior do que esperar e ter dúvida se vai chegar. Na época, ele não tinha celular por opção, por isso, não tinha como avisar a ele se eu tinha chegado ou passado pela imigração. Enfim, eu realmente estava feliz por ter conseguido. E para comemorar, fomos para um pub in “Denmark Hill”, bairro ao sul de Londres à caminho do bairro Peckham onde meu amigo morava. Comigo na mão, a pequena mala cheia de sonhos e medos, a pochete(que dentro estava a câmera fotográfica, os cheques de viagem de 1.450 dólares, e o passaporte cor de casca de abacate carimbado com 6 meses de visto) e a carteira no bolso da frente do jeans. Quando chegamos no pub, pedimos adivinha o que? Vinho branco. Começamos a beber o vinho que estava gostoso e gelado. E lá se foram, 1 garrafa, 2 garrafas, 3 garrafas, e mais e mais. Eu repetidamente falando: Esse vinho tá docinho. Bom de beber, né? Se arrependimento matasse, eu estava queimado nas chamas com o próprio alcool do vinho. Eu explico: Quando saimos do pub, fomos direto para a casa do meu amigo caminhando. Peguei, os meus pertences e fomos embora. Já eram 9 da noite. Fomos pelo a estradinha do parque quando aconteceu a tragédia que mudaria tudo. Eu fui no inferno, vi o diabo chupando manga verde sem sal, e voltei para terra. Era como se estivesse acreditando que aquilo, não estava realmente acontecendo. O ataque de pânico foi crescendo e se alastrando dentro de mim. O tempo do baile do “cinderelo” tinha acabado e a carruagem invés de uma abobóra, virou uma jaca colossal. O pior de tudo era que…

Monday 17 November 2008

Passeio Lusitano

photo: Lisboa or Lisbon

Lusitano trip
As vozes eram de um casal brasileiro. Eles estavam falando de dívidas. Eu imediatamente passei para o outro lado da rua. Já bastavam as minhas para me preocupar. Segui em frente apreciando a arquitetura. O mais engraçado era que na minha mais notória inconsciência, eu estava comparando certos prédios com o que temos no Piauí. Um sobrado ali. Uma esquina acolá. Algum azulejo na parede. A sacada ou varanda com roupas estendidas para secar. O céu brilhando azul-piscina. Tudo muito similar, mas claro, estava comparando a estrutura física do lugar. A riqueza de detalhes é imcompáravel. O Piauí, é somente um pedacinho da imensa cultura lusitana espalhada no planeta. Caminhando ladeira abaixo, ladeira acima, pedi a um casal de brasileiros para tira uma foto minha no bairro Baixa-Chiado que fica no centro de Lisboa. Eles não falavam sobre dívidas então, pedi informações sobre a cidade. Quando realmente me sintonizei com o mapa na minha mão, os lugares foram mais fáceis de explorar. Os pontos principais ficam perto um do outro. Da Praça dos Restauradores e da Central do Rossio( estação de trem) , você pode ir caminhando para bairro Rossio. Por lá, passam a maioria dos ônibus da cidade, inclusive o que vai para o aeroporto. O metrô, apesar de pequeno, é eficiente. A acessibilidade é imensa. No centro, existe a rua chamada “Augusta”, que pode ser considerada a maior rua de compras de Lisboa. No final dela, em direção ao rio Tejo, existe um grande arco(foto acima) e logo em frente a magnífica Praça do Comércio. Passei os 3 dias em constante admiração por Lisboa. Uma cidade espetacular! Para quem gosta de arquitetura, esse é o lugar. Mal sabia que, depois de conhecer várias capitais européias, um dia eu diria que Lisboa é a minha cidade favorita. Já voltei para passear 2 vezes, sendo que, cada vez, é uma experiência diferente. A qualidade de vida é muito boa.
Depois de memoráveis dias, era hora de enfrentar a temida imigração britânica, e se eu não fosse aceito, eu já tinha um destino: Lisboa. Comprei a passagem para Londres, ida-volta, 3 horas antes de embarcar. Supostamente minha estadia em Londres seriam por 7 dias. O intuito da passagem era de mostrar ao agente de imigração que eu não tinha intenção nenhuma de ultrapassar o período de 6 meses dado ao turista brasileiro, ou mesmo de permanecer em Londres. No caso, eu teoricamente iria usar dos meus 6 meses de direito, apenas 7 dias. Era o que minha passagem mostrava. E lá fui eu a mais uma viagem de avião. Dessa vez, não tive nem tempo de me embriagar com vinho. A viagem dura 2 horas. Me contentei com um café morno com leite. E mesmo se eu quisesse beber vinho, eu estava nervoso demais para me embebedar. Queria absolutamente está sóbrio para qualquer pergunta ou situação imprevista. Como era um vôo doméstico entre países da comunidade européia, eu praticamente era um dos únicos forasteiros de toda a lista de passageiros. Isso eu soube, porque quando não se faz parte da comunidade européia, o passageiro tem que preencher um formulário perguntando seu nome, de onde vem, para onde vai, o seu endereço, sua profissão. Isto foi anunciado através dos comissários de bordo. Quem não fosse da “european community”, tinha que ter o fomulário preenchido na mão na hora do desembarque e entregar junto com o passaporte ao agente de imigração. Desembarcando do avião, às 2 da tarde, eu pensei rápidamente em ir para a fila de triagem. O fato é que se você for um dos primeiros, você tem a grande chance de ser verificado e liberado mais rápido. Eu digo por que, nessa hora, os agente estão mais calmos, e atenciosos. Eles querem se livrar da fila grande que vai se formando. Se você for um dos últimos corre o risco de você ser barrado e deportado. Mas cada caso é um caso! E quando chegou na minha vez, eu gelei e…

Wednesday 12 November 2008

Chegando em Lisboa

Photo: aeroporto de Lisboa

Para entender a saga, você tem que começar a ler de baixo para cima dessa página. Seguindo a ordem das datas. Thanks!

Arriving at Lisbon

Eram sete horas da noite, quando o avião finalmente pousou no “Lisbon Portela Airport” (Aeroporto de Lisboa). Depois do porre do vinho, e ter achado minha carteira, eu dormi como um anjo em cima de um algodão doce. Estava revigorado para a nova etapa: enfrentar a imigração portuguesa. Como todo marinheiro de primeira viagem, eu não sabia realmente para onde ir. Resolvi seguir uns brasileiros que pareciam ser bem confidentes. Foi um erro. Um ótimo conselho: nunca siga ninguém se você não tem certeza do que eles e você estão fazendo. Eles foram para a fila errada. A sorte minha é que observei o erro antes, e voltei para onde eu realmente pertencia: A fila dos atentos. A área de imigração nos aeroportos geralmente são bem grandes e espaçosas. Cada fila tem seu propósito.
1. A fila de quem faz parte da CE(Comunidade Européia: Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Holanda, e etc) maiores informações no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia . A entrada é livre entre países.
2. A fila de quem não faz parte da Comunidade Européia. Se eles quiserem a entrada é bloqueada.
E claro, eu estava incluso na segunda fila maior, a não-européia. O passaporte americano(do sul) virgem de carimbos. Aliás, o único carimbo que eu tinha era da Polícia Federal-PI dando passe livre para eu viajar para fora do país. Eu, na fila quilométrica, carregando na mão,o passaporte brasileiro cor casca de abacate, eu estava imerso na minha maior atitude patriótica até então: Levar um ser brasileiro-piauiense-campomaiorense, mundo afora. Chegada a minha vez, entreguei o passaporte cor abacate e a passagem ida-volta, ao oficial português de bigode. As perguntas foram básicas: 1.Qual o propósito da viagem? Férias. 2. Quanto tempo a estadia? 28 dias. Rapidamente ele abriu o passaporte abacate. Escolheu uma folha qualquer no meio, e estampou o carimbo de bem- vindo à Portugal/O direito de ficar três meses de férias. Ele disse: Aqui está o seu passaporte! Boas Férias. Eu me perguntei: - Era somente isso? Interminavéis horas eu passei dentro daquele avião, martelando o que eu deveria dizer. Quais eram as desculpas esfarrapadas que eu iria dar. O medo de ser renegado e rejeitado, afinal eu era um forasteiro com o propósito de ficar. E lembrei de uma frase que diz “se você tem medo de sofrer, você já está sofrendo”. Peguei minha pequena mala, minha mochila, minha pochete, e minha carteira no bolso da frente suja de vinho e fui em direção à saída do aeroporto. Fui ao orelhão ligar para a irmã da amiga de minha mãe que mora em Lisboa. Minha mãe pediu que se ela poderia me pegar no aeroporto e levar ao hotel. Eu liguei. Ela atendeu. Ela estava ocupada. Que não podia fazer nada. Eu desliguei dizendo obrigado. Fui simples, prático e sintético. Não fiquei chateado. No fundo achei melhor. Não queria incomodar e nem depender de ninguém. Sai do aeroporto levando a minha vida nas mãos. A mala. A mochila. A pochete. A carteira. Era final de primavera, mas o tempo naquele dia, apesar de claro, estava neblina forte. Estava frio. Quando cheguei na parada, tive que perguntar a uma senhora qual era o ônibus que iria para o centro de Lisboa perto da Marquês de Pombal. Eu imaginei o que faria se não tive encontrado aquela bendita senhora(sem bigode) naquele momento. Pior ainda, que não falasse meu idioma! Esperei uns 10 minutos pelo ônibus. Naquela época ainda nao se tinha a moeda euro em Portugal. O nome da moeda corrente portuguesa era escudo. Paguei a passagem de ônibus com escudos. O motorista português de bigode foi atencioso. Não gritou comigo. Eles falam como se tivessem irritados. A viagem do aeroporto até a Marques de Pombal, foi interessante. Tudo era novidade. Ruas largas, fontes luminosas, grande estátuas, prédios suntuosos. flores e plantas por todos os lados. Em meus pensamentos: Que maravilha! Estou me sentindo como se tivesse no primeiro mundo. Me belisca! Eu estou no primeiro mundo. Desci do ônibus na parada Marques de Pombal. Imediatamente senti o ar puro da fria brisa atlântica. Quando eu cheguei no hotel que tinha sido recomendado por um dos comissários da Transbrasil, eu achei que eu tinha voltado para o terceiro mundo. Rapidamente, o conto de fadas tinha acabado. A carruagem não virou abóbora, virou um piqui(fruta). O lugar era bem simples. Parecia mais uma acabada pousada, mas limpa. O recepcionista foi sincero: - Não temos vagas aqui. Se desejar, temos uma pensão do outro lado da rua. Eu estava exausto, mas fazer o que?, eu queria dormir. Fui rastejando. A recepcionista era uma senhora típica portuguesa(sem bigode), baixinha e seriamente entrucada. Levou-me até o quarto onde tinha uma cama, e um guarda-roupa se desmanchando. Apenas isto. O banheiro, ou melhor, “a casa de banho”, assim como eles falam , era comunitário no final do corridor. Ela retrucou: Temos banheira, mas não temos água quente! Não fiz cara feia, no Piauí não usamos banheira mesmo. Ai que me dei conta que eu tinha que banhar com flocos de gelo. Quase que eu pedi a ela o meu café da manhã no quarto. Café árabe, leite de cabra das colinas de Sintra, 2 ovos grandes com as claras bem passadas e as gemas meia- mole, sem passar do ponto, 1 suco de tamarindo e 1 croissant. Eu só queria dormir. Paguei quatro diárias necessárias para minha estadia. Afinal, eu nao queria luxo no quarto, apenas um lugar para guardar meus pertences e explorar a cidade. E se vocês realmente quiserem saber a razão de eu ter ficado com o quarto era o fato de ser possivelmente, a pensão mais barata da Europa. Eu precisava desesperadamente economizar!
Depois de um banho estremamente gelado, daqueles banhos que para aguentar você tem que cantar o “hino da bandeira” e pular, sai correndo do banheiro para o quarto, cai na cama e adormeci cansado da jornada. Quando amanheceu, esperei a portuguesa sem bigode, trazer minha bandeja de café da manhã, meu leite, os ovos ao ponto, meu suco de tamarindo e meu croissant, mas para a minha volátil e sensível realidade, ela nunca apareceu. Nem sequer trouxe toalhas de rosto limpas.
A fome bateu. O frio continuava. Acostumado com o calor do Piauí 365 dias por ano, eu imediatamente me vesti dos pés a cabeça e sai procurando comida ao redor do quarteirão, depois de 3 quadras eu encontrei ao que chamo a salvação dos meus 4 dias. Um supermercado! Que se chama Pingo Doce Supermercados. Comprei croissants, presunto, suco de uva e maçã. Voltei para o quarto. Comi quase tudo, apesar de não ter sido servido na bandeja pela portuguesa sem bigode. Determinado, sabia que uma dia na minha vida, eu ia ter esse privilégio.
Eram 9 horas da manhã quando sai para explorar a cidade e no pescoço, eu levava minha máquina fotográfica pronta pra clicar e fleshar(será se existe essa palavra ou eu estou inventando?). E para a minha surpresa, eu escuto vozes. Eram de ….

Tuesday 11 November 2008

A carteira perdida

Photo: Fortaleza By Night
The lost wallet
Na sala de espera do aeroporto de Fortaleza, estava eu, pensando num turbilhão de coisas. E foi exatamente nessa viajem, é que eu descobri que, em uma de muitas, eu tinha um determinado tipo de paranóia. Daquelas do tipo que você verifica duas vezes se fechou a porta de casa, ou se passou a chave na porta ou se você desligou o ferro depois de ter saido de casa. Então, antes de entrar no avião, decidi tomar um café. Fui a lanchonete. Pedi o café e aproveitei para me despedir da culinária brasileira: do pão de queijo e da coxinha. Tirei minha carteira de dinheiro, cartões de crédito e documentos do bolso da calça. Paguei a conta e fui para a fila de entrada do avião. Entrei, e logo em seguida, achei minha poltrona. Peguei meu livro pra ler, sentei, apertei o sinto de segurança e relaxei. Quando o avião começou a decolar, eu, na minha iniciada e benigna paranóia, apalpei o bolso de trás da calça para ter a certeza que minha carteira de dinheiro estava segura. Para a minha surpresa e meu desespero, ela não estava. O coração começou a palpitar forte. Começei a suar frio. Eu não podia me levantar. O sinto de segurança me prendia ferozmente afivelado e aeronave ainda estava decolando na posição diagonal. Dava para ver a cidade de Fortaleza e o mar azulado junto dela, pela janelinha. Eu imaginei: “Será se eu deixei a carteira no balcão da lanchonete onde eu tomei o café?” e num ato quase de pânico, deu uma profunda vontade de gritar dizendo : - Parem o avião, pelo amor de qualquer coisa! Eu esqueci minha carteira na lanchonete. Mas nao, fiquei calado em meu silencioso ataque de pânico. E num piscar de sílios, veio a guilhotina virtual e final no meu pescoço e pensei: O que farei na hora que imigração portuguesa me pedir os documentos(identidade, CPF, título, reservista)? Ai veio a culpa. Tentava encontrar meios de colocar a culpa em alguma coisa. Primeiro pensei: Porque eu não coloquei a bendita carteira na mochila, ou na pochete onde junto, estava o passaporte, a camera fotográfica e os travellers checks, ou mesmo ter segurado na mão Poxa vida! Será que tem quer ser difícil assim. Para eu ficar menos mal e dá uma de coitado na minha própria estória, eu resolvi colocar toda a culpa na coxinha e no pão de queijo que eu comi. Pronto, resolvido a minha culpa, mas eu precisava da carteira, afinal como eu ia me virar no meu mundo novo de fantasias de pura realidade? Passado instantes, a aeronave se posicionou em posição horizontal,. em cima das nuvens flutuando. O piloto avisou pelo interfone que poderíamos desafivelar os sintos. Eu sabia que não precisava olhar na mochila ou na pochete. Não estaria em nenhuma delas. Corri como Barrichelo, atrás da aeromoça. O meu coração quase pulando goela acima. Falei o que estava acontecendo e prontamente ela disse que ia ajudar. Que ia pedir à cabine para ligar para o aeroporto e perguntar se tinham achado uma carteira no balcão da lanchonete. Que era para eu ficar calmo, e me posicionou na poltrona dela. Deu-me água e pediu para eu respirar fundo. A única coisa realmente que eu queria era a minha carteira. Mais calmo, voltei a minha poltrona. Enfim, eu não podia fazer nada. E nem se eu quisesse, Lá estava eu, pairando no imenso céu, dentro de uma lata suspensa no ar, no meio do oceano atlântico, há 500 mil pés de distância e o pior de tudo, sem identidade. Mas, como eu sou uma pessoa otiminista, eu não me deixei abalar mais do que já estava. Resolvi aproveitar a viagem. Era a hora do almoço. Pedi vinho branco. Era amargo! Até pensei em pedir um vinho “santa felicidade” que é mais docinho, mas seria indelicadeza com o vinho servido a bordo. Bobeira! Era amargo, mas delicioso. Almocei um peixe sem sal e salada mixta ou "mística"? Sem comentários. E pedi mais vinho. Eu queria me embebedar para esquecer a tragédia da carteira. Na quinta garrafa de vinho, o avião deu uma turbulência tão grande que virou o copo cheio de vinho nas minhas pernas. E para minha maior surpresa, e um sorriso amarelo de felicidade e vergonha, senti que a minha bendita carteira, toda molhada de vinho, estava no bolso da frente da calça e não como de costume. Eu sempre colocava minha carteira no bolso de trás. Para comemorar, eu pedi mais vinho. E num passe de uma mágica bebedeira, a viagem, de um desastre virou um aprendizado. Viva o vinho branco amargo! Viva!


Algumas horas depois, era a hora de enfrentar a imigração portuguesa e quando chegou minha vez de mostrar os documentos, eu .....

Saturday 1 November 2008

O sonho

Photo: Serra da Ibiapaba, entre Piauí e Ceará

The dream

Como um sonho de uma criança curiosa e inquieta, eu sempre quis conhecer o outro lado do oceano. Considerando o ponto de referência “Piauí”, eu queria viajar no sentido leste, em particular. Minha mãe era professora de Estudos Sociais e Geografia e tínhamos em casa, vários livros e quando eu olhava no Mapa Mundi, meus olhos fixavam na parte europeia, e em meus pensamentos, eu ficava fascinado e tentava imaginar a minha chegada na minha velha terra prometida. Detalhe: Eu não vim de caravelas!
Do sonho à realidade, não foi tão díficil. Apenas 4 anos de inteira dedicação. Eu passei 1 ano trabalhando os 3 turnos em 3 lugares diferentes recebendo 3 salários. O turno da noite era o pior. Terminava o trabalho 1 da manhã. Juntar o dinheiro era apenas um pequena grande parte do processo. Mas, o mais importante mesmo, era ter um alguém na chegada para receber-me. E olha que sorte eu tive! eu tinha alguém, mas não era apenas um “alguém”, era um amigo.
Foi através desse amigo que realmente que tudo se concretizou. Eu sonhava com a Europa como um todo. De Portugal até o leste europeu. Mas o meu amigo morava em Londres - Inglaterra. E ele mostrou-me o caminho britânico. Os primeiros passos, o que fazer(tirar o passaporte brasileiro e comprar a passagem ida-volta), o que levar(o mínimo possível), como fazer(mostrar a imigração que você é turista) e me falou algo que eu considero importante. Se eu não gostasse ou não me adaptasse, eu poderia ao menos, voltar falando inglês. Fiquei otimista com a possibilidade. Comecei a minha pesquisa na internet a todos os sites que se referia a Londres. Até parecia que tudo estava destinado. Quando resolvi comprar a passagem, um amigo trabalhava na Transbrasil e conseguiu uma passagem para Lisboa ida-volta com um generoso desconto.
No dia tão sonhado da viagem, o meu pai falou e enfatizou uma das frases mais importantes da viajem: Lembre-se, se não der certo, você tem uma casa pra voltar. Isso me marcou!
A passagem internacional era Fortaleza-Lisboa-Fortaleza. Para economizar dinheiro, resolvi sair de Teresina-PI, de ônibus. De uma forma nostágica, meus familiares e amigos foram à rodoviária dar o “goodbye”. Era 15 de maio de 2001. Na despedida, não chorei. Queria ser forte. Quando entrei no ônibus, foi difícil me conter. Duro deixar a quem você ama para trás. Foram-se 9 horas de uma viagem turbulenta atravessando as primeiras fronteiras e uma serra perigosa chamada “Serra da Ibiapaba”(foto acima) entre o Piauí e o Ceará. Cheguei em Fortaleza exausto.
Apreensivo, entrei no saguão do aeroporto de Fortaleza tremendo, mas determinado. Afinal, tinha jogado tudo para o alto. Os pensamentos confusamente misturados de sonhos, receios e arrependimentos, vice-versa. O meu amigo da Transbrasil estava presente. Os anjos começaram a criar asas em torno de mim e me proteger.

A viagem de avião foi um desastre ….
>>>>

Vamos em frente, que atrás vem poloneses”-”

Pedro Gomes Neto

Objetivo

Photo: Big Ben by Pedro
Fazem 7 anos e quase 2 meses que aconteceu o atentado do Afeganistão contra os Estados Unidos, onde foi um dos maiores desastres do século. Na época, eu estava com 3 meses e 11 dias morando em Londres e estava trabalhando num lugar importante da cidade. Detalhes desse particular dia, vou contar mais a frente o que realmente aconteceu tanto à minha volta como também o que aconteceu à cidade de Londres.
Como estou começando a escrever o blog hoje, gostaria de voltar desde do início ao que eu chamo de ” A saga de um piauiense rumo a europa “. Mencionarei desde o dia que decidi a fazer a essa grande viagem, dos planos, da ação, da viagem, da chegada, da imigração, do medo, dos receios, das descobertas, dos dias bons e ruins, do primeiro dia, da primeira semana, do primeiro mes, até os dias de hoje.
Eu vou falar sobre a cultura, costumes e lugares europeus, mas é a Inglaterra que vou focalizar mais, falando da integração da cultura e costumes ingleses na minha vida e na dos brasileiros que aqui vivem, enfim na vida de um imigrante estrangeiro em geral.
Afirmo e reafirmo que essa experiência aconteceu em 2001 e é que depois de ataques terroristas e bombas, as leis britânicas mudaram drasticamente. As portas fecharam! Todo brasileiro que quer passear na Inglaterra tem grandes chances de conseguir entrar, com tem grandes changes de der deportado. A triagem é bastante rigorosa atualmente. Quem quiser estudar têm que aplicar para o visto de estudante no país de origem.

Pedro x

Introduçao


Antes de mais nada, por morar em Londres e usar um computador britanico, estou incapacitado de usar acentos ortográficos em certas palavras que necessitam ser acentuadas. Me perdoem!
Meu nome é Pedro e moro a 7 anos em Londres.