Tuesday 11 November 2008

A carteira perdida

Photo: Fortaleza By Night
The lost wallet
Na sala de espera do aeroporto de Fortaleza, estava eu, pensando num turbilhão de coisas. E foi exatamente nessa viajem, é que eu descobri que, em uma de muitas, eu tinha um determinado tipo de paranóia. Daquelas do tipo que você verifica duas vezes se fechou a porta de casa, ou se passou a chave na porta ou se você desligou o ferro depois de ter saido de casa. Então, antes de entrar no avião, decidi tomar um café. Fui a lanchonete. Pedi o café e aproveitei para me despedir da culinária brasileira: do pão de queijo e da coxinha. Tirei minha carteira de dinheiro, cartões de crédito e documentos do bolso da calça. Paguei a conta e fui para a fila de entrada do avião. Entrei, e logo em seguida, achei minha poltrona. Peguei meu livro pra ler, sentei, apertei o sinto de segurança e relaxei. Quando o avião começou a decolar, eu, na minha iniciada e benigna paranóia, apalpei o bolso de trás da calça para ter a certeza que minha carteira de dinheiro estava segura. Para a minha surpresa e meu desespero, ela não estava. O coração começou a palpitar forte. Começei a suar frio. Eu não podia me levantar. O sinto de segurança me prendia ferozmente afivelado e aeronave ainda estava decolando na posição diagonal. Dava para ver a cidade de Fortaleza e o mar azulado junto dela, pela janelinha. Eu imaginei: “Será se eu deixei a carteira no balcão da lanchonete onde eu tomei o café?” e num ato quase de pânico, deu uma profunda vontade de gritar dizendo : - Parem o avião, pelo amor de qualquer coisa! Eu esqueci minha carteira na lanchonete. Mas nao, fiquei calado em meu silencioso ataque de pânico. E num piscar de sílios, veio a guilhotina virtual e final no meu pescoço e pensei: O que farei na hora que imigração portuguesa me pedir os documentos(identidade, CPF, título, reservista)? Ai veio a culpa. Tentava encontrar meios de colocar a culpa em alguma coisa. Primeiro pensei: Porque eu não coloquei a bendita carteira na mochila, ou na pochete onde junto, estava o passaporte, a camera fotográfica e os travellers checks, ou mesmo ter segurado na mão Poxa vida! Será que tem quer ser difícil assim. Para eu ficar menos mal e dá uma de coitado na minha própria estória, eu resolvi colocar toda a culpa na coxinha e no pão de queijo que eu comi. Pronto, resolvido a minha culpa, mas eu precisava da carteira, afinal como eu ia me virar no meu mundo novo de fantasias de pura realidade? Passado instantes, a aeronave se posicionou em posição horizontal,. em cima das nuvens flutuando. O piloto avisou pelo interfone que poderíamos desafivelar os sintos. Eu sabia que não precisava olhar na mochila ou na pochete. Não estaria em nenhuma delas. Corri como Barrichelo, atrás da aeromoça. O meu coração quase pulando goela acima. Falei o que estava acontecendo e prontamente ela disse que ia ajudar. Que ia pedir à cabine para ligar para o aeroporto e perguntar se tinham achado uma carteira no balcão da lanchonete. Que era para eu ficar calmo, e me posicionou na poltrona dela. Deu-me água e pediu para eu respirar fundo. A única coisa realmente que eu queria era a minha carteira. Mais calmo, voltei a minha poltrona. Enfim, eu não podia fazer nada. E nem se eu quisesse, Lá estava eu, pairando no imenso céu, dentro de uma lata suspensa no ar, no meio do oceano atlântico, há 500 mil pés de distância e o pior de tudo, sem identidade. Mas, como eu sou uma pessoa otiminista, eu não me deixei abalar mais do que já estava. Resolvi aproveitar a viagem. Era a hora do almoço. Pedi vinho branco. Era amargo! Até pensei em pedir um vinho “santa felicidade” que é mais docinho, mas seria indelicadeza com o vinho servido a bordo. Bobeira! Era amargo, mas delicioso. Almocei um peixe sem sal e salada mixta ou "mística"? Sem comentários. E pedi mais vinho. Eu queria me embebedar para esquecer a tragédia da carteira. Na quinta garrafa de vinho, o avião deu uma turbulência tão grande que virou o copo cheio de vinho nas minhas pernas. E para minha maior surpresa, e um sorriso amarelo de felicidade e vergonha, senti que a minha bendita carteira, toda molhada de vinho, estava no bolso da frente da calça e não como de costume. Eu sempre colocava minha carteira no bolso de trás. Para comemorar, eu pedi mais vinho. E num passe de uma mágica bebedeira, a viagem, de um desastre virou um aprendizado. Viva o vinho branco amargo! Viva!


Algumas horas depois, era a hora de enfrentar a imigração portuguesa e quando chegou minha vez de mostrar os documentos, eu .....

7 comments:

Dri said...

Oi, me chamo adriana, sou jornalista e sua conterrânea. Seu blog é bem legal, vou ficar acompanhado o desenrolar de sua história.
Ps:. aqui onde trabalho (um portal de noticias) tem uma colega que ja morou em londres.
Abraço e boa sorte!

Pedro said...

Dri, minha conterrânea, você não sabe como o primeiro comentário, que é o seu, está me fazendo ter forças para continuar esse blog. muito obrigado, e além de conterrâneos podemos ser amigos a partir de agora.

abraçaum Pedro

Kel said...

Oi Pedro, lendo as noticias da nossa terrinha quente me deparei com o endereço do seu blog.O legal é que estou tentando começar um blog tb, exatamente no mesmo estilo que o seu.Com a diferença de estar começando agora em um novo país.

Ainda estou um pouco perdida no por onde começar e como escrever, mas quem sabe ganho inspirações com o seu.

Sinta-se privilegiado, vc será o primeiro a conhecer =)))

segue o endereço:

http://connectioncanada.blogspot.com/

Grande abraço

Pedro said...

KEl, obrigado!

Vou colocar uma câmera BBB de olho sou seu blog também.

Good Luck!

Unknown said...

Eita que depois que você aprontou no orkut, e teve que sair, pensei que não ia mais te encontrar. rsrsrs. Parabéns pelo blog, serei leitora assídua. bjs.

Pedro said...

Minha querida claudia,

eu me desorkutei! kkkkkkkkkk
saudades dai. saudades de tudo!!!
mantenha sempre contado. Pedro bejus

Adriano Queiroz said...

Eu tb tenho umas paranóias, sempre que eu tranco a porta e desço as escadas, eu penso "Eu tranquei a porta?", volto e ela está fechada, só uma vez ela estava realmente aberta, o pior se eu não volto, fico preocupado. Cômico e trágico.
Que situação, hein. Deve ter sido pertubador.
Você sabe contar história, Pedro.
O vinho na calça ratifica o ditado " A males que vem para o bem"

Abraços.

Abraços.