Saturday 1 November 2008

O sonho

Photo: Serra da Ibiapaba, entre Piauí e Ceará

The dream

Como um sonho de uma criança curiosa e inquieta, eu sempre quis conhecer o outro lado do oceano. Considerando o ponto de referência “Piauí”, eu queria viajar no sentido leste, em particular. Minha mãe era professora de Estudos Sociais e Geografia e tínhamos em casa, vários livros e quando eu olhava no Mapa Mundi, meus olhos fixavam na parte europeia, e em meus pensamentos, eu ficava fascinado e tentava imaginar a minha chegada na minha velha terra prometida. Detalhe: Eu não vim de caravelas!
Do sonho à realidade, não foi tão díficil. Apenas 4 anos de inteira dedicação. Eu passei 1 ano trabalhando os 3 turnos em 3 lugares diferentes recebendo 3 salários. O turno da noite era o pior. Terminava o trabalho 1 da manhã. Juntar o dinheiro era apenas um pequena grande parte do processo. Mas, o mais importante mesmo, era ter um alguém na chegada para receber-me. E olha que sorte eu tive! eu tinha alguém, mas não era apenas um “alguém”, era um amigo.
Foi através desse amigo que realmente que tudo se concretizou. Eu sonhava com a Europa como um todo. De Portugal até o leste europeu. Mas o meu amigo morava em Londres - Inglaterra. E ele mostrou-me o caminho britânico. Os primeiros passos, o que fazer(tirar o passaporte brasileiro e comprar a passagem ida-volta), o que levar(o mínimo possível), como fazer(mostrar a imigração que você é turista) e me falou algo que eu considero importante. Se eu não gostasse ou não me adaptasse, eu poderia ao menos, voltar falando inglês. Fiquei otimista com a possibilidade. Comecei a minha pesquisa na internet a todos os sites que se referia a Londres. Até parecia que tudo estava destinado. Quando resolvi comprar a passagem, um amigo trabalhava na Transbrasil e conseguiu uma passagem para Lisboa ida-volta com um generoso desconto.
No dia tão sonhado da viagem, o meu pai falou e enfatizou uma das frases mais importantes da viajem: Lembre-se, se não der certo, você tem uma casa pra voltar. Isso me marcou!
A passagem internacional era Fortaleza-Lisboa-Fortaleza. Para economizar dinheiro, resolvi sair de Teresina-PI, de ônibus. De uma forma nostágica, meus familiares e amigos foram à rodoviária dar o “goodbye”. Era 15 de maio de 2001. Na despedida, não chorei. Queria ser forte. Quando entrei no ônibus, foi difícil me conter. Duro deixar a quem você ama para trás. Foram-se 9 horas de uma viagem turbulenta atravessando as primeiras fronteiras e uma serra perigosa chamada “Serra da Ibiapaba”(foto acima) entre o Piauí e o Ceará. Cheguei em Fortaleza exausto.
Apreensivo, entrei no saguão do aeroporto de Fortaleza tremendo, mas determinado. Afinal, tinha jogado tudo para o alto. Os pensamentos confusamente misturados de sonhos, receios e arrependimentos, vice-versa. O meu amigo da Transbrasil estava presente. Os anjos começaram a criar asas em torno de mim e me proteger.

A viagem de avião foi um desastre ….
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Vamos em frente, que atrás vem poloneses”-”

Pedro Gomes Neto

1 comment:

Adriano Queiroz said...

Despedidas são tristes e difíceis.
Qdo minha amiga foi pra NY, eu chorei com se ela tivesse morrido.
Hoje ela mora na Suécia, mas está no Brasil e voltará à Europa em 2009.
Para quem fica dói, imagino pra quem vai.

Abração.