Wednesday 19 November 2008

A pochete perdida

Photo: Delegacia Britânica
The small bag lost


O pior de tudo era que eu não estava na minha sã consciência. Eu estava bêbado. Com a cabeça rodando, tentei recordar da tragédia que tinha acontecido. Eu, amargamente desacreditado que eu simplesmente tinha perdido a minha pochete que dentro continha meu passaporte carimbado com o visto, os 1.450 dólares em cheques de viagem ou “ travellers checks” e a câmera fotográfica com milhares de fotos de Lisboa registradas de um tempo e experiência que não se volta nunca mais. Algo marcado agora apenas na minha memória. Eu falei aflito para o meu amigo: - perdi minha pochete! Ela deve ter caido no chão. Imediatamente voltamos pelo o mesmo caminho até pub que estávamos bebendo. Meu amigo perguntou ao garcon, as pessoas da mesa próxima. Procurei debaixo da mesa. Procurei em todo canto do pub. Eu não achava. Voltamos pelo mesmo caminho até o parque perto da casa e absolutamente nada de encontrar a “maldita” pochete. Imaginem a situação, eu sem identidade e sem dinheiro. Incrédulo, eu cheguei na casa do meu amigo completamente desnorteado. A noite de felicidade acabou ali mesmo. Ele tentou me acalmar consolando-me que na manhã seguinte iríamos fazer o registro de ocorrência da perda na delegacia de polícia mais próxima. Que tinha uma enorme possibilidade da pessoa que tivesse achado, entregar ao setor de “achados/perdidos” da polícia local. Eu pensei: Seria ganhar na loteria 2 vezes! E óbvio, eu não consegui dormir direito aquela noite. Na manhã seguinte, fomos à polícia. Poderia ter sido tudo diferente, não é? Imaginem a cena se eu não tive perdido a pochete: Eu chegaria na casa do meu amigo, dormiria satisfeito. Acordaria no dia seguinte de bom humor e sem preocupação. Tomaria o café. Sairia para fazer turismo em algum lugar conhecido, digamos o big ben ou palácio da rainha e talvez almoçaria em algum restaurante perto do rio tâmisa com um copão de cerveja na mão. Agora voltemos a realidade: Acordei preocupado e ansioso. Quase não tomei o café. Por ironia do destino, sai no meu primeiro dia de turista na tão sonhada Londres, para visitar uma a delegacia. O que? Uma Delegacia!!!!Muito interessante. Invés da rainha, eu fui conhecer o palácio da polícia. Agradeço muito ao meu amigo por está comigo naquele momento. Era necessário um intérprete para eu conseguir entender o que o policial estava falando. Lembrem-se que o “CCAA” ou “Yazigi” não ensinam ao aluno a fazer um registro de ocorrência em inglês. O meu amigo explicou a situação ao policial e ele educamente passou um formulário para preencher. Escrevi tudo, inclusive a máquina fotográfica. Ele mencionou que era necessário esperar por 2 semanas até concluir se alguma alma bondosa ia entregar ou não, a “pochete” para o setor de perdidos/achados na delegacia. Ele me entregou o boletim de ocorrência desejando “ Good Luck”. Eu agradeci dizendo: Thank you! Com uma voz pessimista. O meu amigo me deu muita força naquela hora. Eu realmente não sabia o que fazer. Mas, ele me orientou astutamente e fomos resolver os "problemas". A começar pela coisa mais importante naquele momento: Dinheiro. No bolso, eu somente tinha o troco do ticket do trem. O resto do dinheiro estavam dentra pochete. Felizmente eram “travellers checks”. O motivo de ter comprado os cheques de viagem, eram justamente de pensar em que pudesse acontecer o que aconteceu comigo: A perda do dinheiro. Até parece que eu estava adivinhando. Quando se compra os cheques no brasil você deve manter os comprovantes e se eu não me engano, se você tem conta corrente no banco, os cheques são automaticamente creditados na sua própria conta, agindo com um comprovante. Pois bem, meu amigo me levou a agência do Banco do Brasil em Londres. Pegamos o ônibus vermelho de dois andares para o centro no bairro chamado “City”. Nesse bairro ficam a maioria dos bancos mundiais. Chegando no Banco do Brasil, nós fomos tão bem atendidos , que meu baixo astral melhorou. Ficou melhor ainda, quando eu recebi o dinheiro(as libras) nas mãos. De quebra, eu fiz amizades com 2 funcionários(um gaúcha e um inglês) que na época, foram bastante gentis e solidários. Hoje, somos amigos na hora da alegria e da tristeza. Perdi uma pochete. Ganhei 2 amigos do peito. Poderia ter saido para celebrar, mas não tinha nada para comemorar. Apesar do meu amigo está me ajudando muito, eu tinha que encontrar algum lugar para morar. Em Londres, para quem sabe muito bem, ninguém mora de graça. Tudo é caro. Cada gota d’agua, cada raio de luz emanado dentro da casa e se duvidar, cada átomo no ar para ser inalado, é pago por quem usa. Por isso, não era justo com meu amigo, apesar dele ser muito generoso. Não queria peturbar principalmente o sossêgo dele. Era a hora de ir atrás do meu “lar doce lar” e não sabia que isso seria tão...


3 comments:

katy said...

To adorando...

bjuss

Kel said...

Eu tb...

=)

Adriano Queiroz said...

Sem amigos é fods.
Viva a eles!
Bjão.