Wednesday 12 November 2008

Chegando em Lisboa

Photo: aeroporto de Lisboa

Para entender a saga, você tem que começar a ler de baixo para cima dessa página. Seguindo a ordem das datas. Thanks!

Arriving at Lisbon

Eram sete horas da noite, quando o avião finalmente pousou no “Lisbon Portela Airport” (Aeroporto de Lisboa). Depois do porre do vinho, e ter achado minha carteira, eu dormi como um anjo em cima de um algodão doce. Estava revigorado para a nova etapa: enfrentar a imigração portuguesa. Como todo marinheiro de primeira viagem, eu não sabia realmente para onde ir. Resolvi seguir uns brasileiros que pareciam ser bem confidentes. Foi um erro. Um ótimo conselho: nunca siga ninguém se você não tem certeza do que eles e você estão fazendo. Eles foram para a fila errada. A sorte minha é que observei o erro antes, e voltei para onde eu realmente pertencia: A fila dos atentos. A área de imigração nos aeroportos geralmente são bem grandes e espaçosas. Cada fila tem seu propósito.
1. A fila de quem faz parte da CE(Comunidade Européia: Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Holanda, e etc) maiores informações no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia . A entrada é livre entre países.
2. A fila de quem não faz parte da Comunidade Européia. Se eles quiserem a entrada é bloqueada.
E claro, eu estava incluso na segunda fila maior, a não-européia. O passaporte americano(do sul) virgem de carimbos. Aliás, o único carimbo que eu tinha era da Polícia Federal-PI dando passe livre para eu viajar para fora do país. Eu, na fila quilométrica, carregando na mão,o passaporte brasileiro cor casca de abacate, eu estava imerso na minha maior atitude patriótica até então: Levar um ser brasileiro-piauiense-campomaiorense, mundo afora. Chegada a minha vez, entreguei o passaporte cor abacate e a passagem ida-volta, ao oficial português de bigode. As perguntas foram básicas: 1.Qual o propósito da viagem? Férias. 2. Quanto tempo a estadia? 28 dias. Rapidamente ele abriu o passaporte abacate. Escolheu uma folha qualquer no meio, e estampou o carimbo de bem- vindo à Portugal/O direito de ficar três meses de férias. Ele disse: Aqui está o seu passaporte! Boas Férias. Eu me perguntei: - Era somente isso? Interminavéis horas eu passei dentro daquele avião, martelando o que eu deveria dizer. Quais eram as desculpas esfarrapadas que eu iria dar. O medo de ser renegado e rejeitado, afinal eu era um forasteiro com o propósito de ficar. E lembrei de uma frase que diz “se você tem medo de sofrer, você já está sofrendo”. Peguei minha pequena mala, minha mochila, minha pochete, e minha carteira no bolso da frente suja de vinho e fui em direção à saída do aeroporto. Fui ao orelhão ligar para a irmã da amiga de minha mãe que mora em Lisboa. Minha mãe pediu que se ela poderia me pegar no aeroporto e levar ao hotel. Eu liguei. Ela atendeu. Ela estava ocupada. Que não podia fazer nada. Eu desliguei dizendo obrigado. Fui simples, prático e sintético. Não fiquei chateado. No fundo achei melhor. Não queria incomodar e nem depender de ninguém. Sai do aeroporto levando a minha vida nas mãos. A mala. A mochila. A pochete. A carteira. Era final de primavera, mas o tempo naquele dia, apesar de claro, estava neblina forte. Estava frio. Quando cheguei na parada, tive que perguntar a uma senhora qual era o ônibus que iria para o centro de Lisboa perto da Marquês de Pombal. Eu imaginei o que faria se não tive encontrado aquela bendita senhora(sem bigode) naquele momento. Pior ainda, que não falasse meu idioma! Esperei uns 10 minutos pelo ônibus. Naquela época ainda nao se tinha a moeda euro em Portugal. O nome da moeda corrente portuguesa era escudo. Paguei a passagem de ônibus com escudos. O motorista português de bigode foi atencioso. Não gritou comigo. Eles falam como se tivessem irritados. A viagem do aeroporto até a Marques de Pombal, foi interessante. Tudo era novidade. Ruas largas, fontes luminosas, grande estátuas, prédios suntuosos. flores e plantas por todos os lados. Em meus pensamentos: Que maravilha! Estou me sentindo como se tivesse no primeiro mundo. Me belisca! Eu estou no primeiro mundo. Desci do ônibus na parada Marques de Pombal. Imediatamente senti o ar puro da fria brisa atlântica. Quando eu cheguei no hotel que tinha sido recomendado por um dos comissários da Transbrasil, eu achei que eu tinha voltado para o terceiro mundo. Rapidamente, o conto de fadas tinha acabado. A carruagem não virou abóbora, virou um piqui(fruta). O lugar era bem simples. Parecia mais uma acabada pousada, mas limpa. O recepcionista foi sincero: - Não temos vagas aqui. Se desejar, temos uma pensão do outro lado da rua. Eu estava exausto, mas fazer o que?, eu queria dormir. Fui rastejando. A recepcionista era uma senhora típica portuguesa(sem bigode), baixinha e seriamente entrucada. Levou-me até o quarto onde tinha uma cama, e um guarda-roupa se desmanchando. Apenas isto. O banheiro, ou melhor, “a casa de banho”, assim como eles falam , era comunitário no final do corridor. Ela retrucou: Temos banheira, mas não temos água quente! Não fiz cara feia, no Piauí não usamos banheira mesmo. Ai que me dei conta que eu tinha que banhar com flocos de gelo. Quase que eu pedi a ela o meu café da manhã no quarto. Café árabe, leite de cabra das colinas de Sintra, 2 ovos grandes com as claras bem passadas e as gemas meia- mole, sem passar do ponto, 1 suco de tamarindo e 1 croissant. Eu só queria dormir. Paguei quatro diárias necessárias para minha estadia. Afinal, eu nao queria luxo no quarto, apenas um lugar para guardar meus pertences e explorar a cidade. E se vocês realmente quiserem saber a razão de eu ter ficado com o quarto era o fato de ser possivelmente, a pensão mais barata da Europa. Eu precisava desesperadamente economizar!
Depois de um banho estremamente gelado, daqueles banhos que para aguentar você tem que cantar o “hino da bandeira” e pular, sai correndo do banheiro para o quarto, cai na cama e adormeci cansado da jornada. Quando amanheceu, esperei a portuguesa sem bigode, trazer minha bandeja de café da manhã, meu leite, os ovos ao ponto, meu suco de tamarindo e meu croissant, mas para a minha volátil e sensível realidade, ela nunca apareceu. Nem sequer trouxe toalhas de rosto limpas.
A fome bateu. O frio continuava. Acostumado com o calor do Piauí 365 dias por ano, eu imediatamente me vesti dos pés a cabeça e sai procurando comida ao redor do quarteirão, depois de 3 quadras eu encontrei ao que chamo a salvação dos meus 4 dias. Um supermercado! Que se chama Pingo Doce Supermercados. Comprei croissants, presunto, suco de uva e maçã. Voltei para o quarto. Comi quase tudo, apesar de não ter sido servido na bandeja pela portuguesa sem bigode. Determinado, sabia que uma dia na minha vida, eu ia ter esse privilégio.
Eram 9 horas da manhã quando sai para explorar a cidade e no pescoço, eu levava minha máquina fotográfica pronta pra clicar e fleshar(será se existe essa palavra ou eu estou inventando?). E para a minha surpresa, eu escuto vozes. Eram de ….

3 comments:

Kel said...

Fiquei muito feliz com sua visita,agora tenho uma motivação e uma inspiracão.
Estamos os dois no mesmo barco, vamos trocando idéias e experiências para novas postagens.Que tal?
Quero te definir com uma palavra, posso?
Corajoso!

Nice to meet you!

Pedro said...

na mesma barca do sal. kkkk

nice 2 meet u 2!

Adriano Queiroz said...

Seu ritmo narrativo é ótimo.

Vou ao próximo agora.

Abração.