Tuesday 25 November 2008

O cotidiano

Photo: Soho Square

day-to-day

Logo fui reconhecendo que o cotidiano de um inglês ou de qualquer outro cidadão que mora em Londres é puramente idêntico a qualquer outro ser humano na terra. Mas claro, com suas peculariedades. Apesar do sistema de transporte ser muito vasto, o fluxo de transeuntes é muito grande e confuso. Principalmente na horas de “rush”. Como passei semanas “vagando” pelo cidade, não me preocupava muito com isso. Gostava de ver aquela mutidão na rua. Só em estar ali participando do dia-a-dia era além da minha imaginação. Turistas misturados com trabalhadores, indo-vindo. Era verão(junho-setembro) na época. Plantas, flores e arbustos crescendo para todos os lados, plantados para parecer uma paisagem natural. Os parques lotados. Mães como os filhos sendo empurrados em carrinhos, executivos de palitó almoçando sentados na grama, jovens estudantes deitados estudando, enfim, todo mundo curtindo os leves raios de luzes de um sol piedoso. Nos pubs, pessoas conversando e bebendo copões de cervejas. Nas lojas e boutiques, clientes eufóricos por novidades. Londres, por ser uma cidade multi-cultural, nada é escondido em guetos. Talvez isso tenha acontecido no passado. Hoje a realidade é diferente. A população é bastante mesclada por brancos, negros e indianos. As pessoas são orgulhosas de mostrarem de qual comunidade elas são. Mas como em qualquer lugar do mundo em que vivemos, o que realmente separa uma comunidade de outra é o poder e dinheiro. Os ricos de um lado, com suas ostentações e os pobres do outro, com o básico. Até mesmo o rio Tâmisa consegue separar o pobre do rico. O norte do rio é mais rico que ao sul. Agora, adivinhem onde eu fui morar? No sul. Porque? Porque era mais barato, e ainda é. Agora para entender isso, é preciso voltar no tempo e saber um pouco da história da colonização inglesa. Os britânicos colonizaram a América do Norte, algumas ilhas da América Central(as melhores), a Guiana Inglesa, alguns país da África, a Índia, partes da China, a Oceânia. Eles dominaram e levaram sua bandeira e cultura aos quatro cantos, mas nunca imaginaram que todos esses países iriam dar o troco de forma tão cruel e automaticamente natural: Dominar o Reino Unido para sempre. O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Na época da Revolução Industrial, a Grã-Bretanha precisava de mão de obra barata e abriu as portas do país. A imigração foi massiva. A maioria dos imigrantes fizeram do Reino Unido, a morada definitiva. A minoria voltou para o país de origem e aos poucos foram criando comunidades caribenhas, africanas, paquistanesas, indianas, chinesas, enfim, hoje existem bairros que às vezes, você não acredita que está em Londres. Parece estar em outro país. Como disse anteriormente Londres é uma torre de babel. Onde eu morava, até parecia que estava em alguma ilha caribenha, como eles dizem “West Indies”. Deptford é um bairro de negros. A cultura, os costumes e a diversidade é muito grande. Muitas feiras e lojas tipicamente caribenhas e africanas. É impressionante como eles cultuam as tradições. Algo muito importante para os negros são salões de beleza para cabelos afros. Existem milhares a cada esquina. A comida e o modo de se vestir. O modo de dancar ou mesmo de dialogar. As decorações. O comportamento. Alguns acham que isso não faz mais parte da cultura dos negros, e sim absorvida pela própria cultura de Londres, porque faz parte não somente de um bairro, mas sim de vários outros espalhados com muita coesão pela grande cidade. Um dia eu fui à feira de frutas e adivinhem o que eu vi? Uma cesta de tamarindos. Eu não acreditei e tive que pegar para fazer um suco. No prédio em que eu morava, obtive várias amizades, que inclusive e coinscidentemente viria a conhecer a outro piauiense. Na verdade, foi ele que conseguiu o quarto para mim. Ele me ajudou muito. De todas as maneiras. Ele me ensinou conhecer Londres com os olhos de um cidadão. Me mostrou o caminho certo. Dos supermercados mais acessíveis até os pubs e clubs mais baratos. Tudo o que ele pôde fazer por mim ele fez, inclusive me deu o meu primeiro emprego. A minha mãe tem uma frase que diz assim: “Eu cuido dos filhos dos outros porque eu sei que outros estão cuidando dos meus”. Nunca esqueço isso. Outra frase clássica da minha mãe é: “meu filho, eu confio em você”. Agora imaginem o impacto e a responsabilidade de cuidar de você mesmo quando se ouve uma frase dessas de sua própria e amada mãe? Londres tem dois caminhos. O caminho do mal e o caminho do bem. Eu escolhi o do bem. Explico: O caminho do mal é quando você tem liberdade demais numa cidade onde tem as maiores facilidades de libertinagens inimagináveis inclusive de se envolver com drogas e ser irresponsável para com você mesmo se envolvendo com pessoas, trabalhos e negócios escusos. O caminho do bem é quando você consegue se afastar das tentações do mal e focaliza todas suas forças em coisas boas e positivas, sempre agindo da maneira mais justa possível. Alimentando objetivos e estar sempre do lado de pessoas que te levam para frente e sobretudo, estudar. Umas da primeiras barreiras em Londres foi realmente o idioma. Brasileiros como eu, que estudamos vários anos até mesmo optar por inglês no vestibular, achamos que sabemos alguma coisa. Que nada! Eu era um analfabeto diante de qualquer diálogo. Assistir TV, ouvir o rádio, ler o jornal, de nada valia. Eu não entendia absolutamente nada. Eu precisava frequentar uma escola o mais rápido possível. Quando eu comecei a estudar era uma escola …

3 comments:

Kel said...

Seus relatos sobre Londres é a mesma visão que tenho do Canada, vc sabia que o Canada é o país mais multicultural do mundo? Ah e vc sabia tb que o Canada é regido pela Rainha Elizabeth? =)
É muito interessante o valor que as pessoas dão pelo sol, não é? E a gente fugia dele,rs.

um beijo!

Kel said...

Pode deixar que vou escrever mais, é so falta de tempo mesmo, fui resolver "make money" em emprego de natal, aih já viu. Não to parando.

Aqui já nevou 3 vezes, e esta bem frio, os termometros boa parte do dia fica negativo e a tendencia e piorar ainda mais até janeiro (ai ai ai).O inverno aqui é longo.

Adriano Queiroz said...

Inglês mesmo se aprende fora né Pedro?!

Kel, não sabia que o Canadá é o país mais multicultural do mundo.
Legal esta informação.
Me disseram que o respeito aí é exemplar.

Abraços.